ONU cobra empenho da UE para salvar vidas no Mediterrâneo

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Por adrianacarranca
Atualização:

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) fez um apelo hoje por maior empenho da União Europeia e dos governos que compõem o bloco para lidar com o problema dos milhares de refugiados e migrantes desesperados que arriscam suas vidas atravessando o mar Mediterrâneo em barcos clandestinos para tentar chegar ao continente.

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A tragédia dos naufrágios no Mediterrâneo ganhou nova escala com a notícia de que 400 migrantes que viajavam da Líbia para a Itália estão desaparecidos. O barco foi encontrado à deriva cerca de 120 quilômetros ao sul de Lampedusa e 142 passageiros foram resgatados. Os relatos dos sobreviventes sobre a superlotação do barco deram às autoridades a dimensão da catástrofe. Foi também na costa da ilha de Lampedusa que outro desastre envolvendo duas embarcações ocorreu em outubro de 2013.

António Guterres, chefe do Acnur, quer mudanças na legislação dos países da região para garantir a proteção dos migrantes e refugiados e maior flexibilidade na concessão de vistos, para que possam ser recebidos na Europa sem que tenham de se arriscar em travessias como estas.

O Mediterrâneo já é considerado o mais perigoso corredor de fuga por mar. Somente no ano passado, 219 mil refugiados e migrantes cruzaram essa rota em busca de segurança longe dos conflitos que assolam seus países. No caminho, deixaram pelo menos 3,5 mil mortos. Nos primeiros três meses deste ano, outros 31,5 mil fizeram a travessia para a Itália e Grécia, os dois principais portos de chegada. Somente em abril, as autoridades resgataram do mar 8,5 mil pessoas que tentavam chegar a estes países.

O número de vítimas fatais este ano já é trinta vezes maior do que no mesmo período de 2014. Se as 400 mortes forem confirmadas, este número pode ainda chegar a 900 este ano.

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A Acnur também cobrou das autoridades a criação de mecanismos para que o resgate de passageiros de embarcações no Mediterrâneo seja mais rápido e eficiente. Até agora, muitas das operações de socorro têm sido feitas por navios comerciais, quando encontram as embarcações. A operação de salvamento, que vinha sendo feita pela Marinha italiana, foi interrompida em novembro por falta de fundos dos governos europeus.

Na semana passada, a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras anunciou que iniciará em maio uma operação de busca e atendimento com um navio de resgate no Mediterrâneo, para substituir o trabalho da Marinha italiana. "A Europa virou as costas para aqueles que fogem das piores crises humanitárias dos nossos tempos", declarou Arjan Hehenkamp, diretora geral da MSF. "A decisão de fechar as portas e erguer muros significa que homens, mulheres e crianças são forçadas a arriscar suas vidas em travessias desesperadas pelo mar. Ignorar a situação não fará com que ela desapareça. A Europa tem os recursos e a responsabilidade de prevenir mais mortes em sua porta."

Foto: UNHCR/F.Malavolta

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