Enquanto se aprofunda a crise entre Coreia do Norte e Malásia - provocada pelo assassinato de Kim Jong-nam, meio-irmão do líder Kim Jong-un, no aeroporto de Kuala Lumpur -, Pyongyang reage às declarações do presidente americano, Donald Trump, prometendo "guerra nuclear mundial" caso os combates sejam retomados na Península Coreana.
O principal jornal oficial norte-coreano, Rodong Sinmun, publicou artigo nesta terça-feira (7) dizendo que as intenções de Trump ao anunciar um incremento nas Forças Armadas e no arsenal nuclear dos EUA são ameaças diretas à Coreia do Norte. "Imaginando que a dominação de toda a Península Coreana permitirá tomar a hegemonia do Nordeste Asiático e do resto do mundo, os EUA apresentam como seu primeiro alvo estratégico a Coreia do Norte", afirma a publicação.
Em outro trecho, o Rodong Sinmun acrescenta: "Se a guerra eclodir na Península Coreana, ela se estenderá aos países vizinhos transformando-se na (guerra) nuclear de dimensão mundial".
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De fato, Trump declarou mais de uma vez desde sua eleição e após a posse que a Coreia do Norte precisa ser impedida de continuar sua expansão militar por meios que podem ir além das sanções. É difícil imaginar, no entanto, que o Pentágono esteja aconselhando o presidente, no momento, a empreender combates na Península Coreana.
O avanço no programa de mísseis norte-coreano tem se mostrado real nos últimos anos, mas ainda não ao ponto de se tornar a principal preocupação da Casa Branca, seja quem for seu ocupante. O envio de um sistema antimísseis à Coreia do Sul, medida já anunciada pelos EUA, deve ser o suficiente para trazer certo alívio aos aliados americanos da região em relação a Trump, que durante a campanha e após eleito pôs em dúvida o compromisso de Washington com seus parceiros militares.
A instalação do sistema THAAD (Terminal High Altitude Area Defense) em solo sul-coreano deve ser o suficiente, também, para que Kim Jong-un tenha argumento para manter a retórica belicista que permite ao regime norte-coreano direcionar uma parte muito substancial de seu orçamento ao setor militar, mantendo azeitada a máquina que sustenta a elite do Partido enquanto a população continua lutando para sobreviver.