Atualmente, Brasil e México têm dois acordos de preferência tarifária, que abrangem 12% da corrente de comércio, segundo Antônio Simões, subsecretário-geral de América do Sul, Central e Caribe do Itamaraty. "A ideia é buscar, na medida do possível, a liberalização integral do comércio", afirmou.
As negociações começarão em julho e não serão concluídas no curto prazo. "Isso não se faz em seis meses", disse Simões. Quando uma repórter perguntou se os dois países fechariam um acordo de livre comércio, o diplomata respondeu: "Você é que está falando".
Os países também assinaram um acordo de cooperação e facilitação de investimentos, para dar previsibilidade e reduzir riscos nos negócios bilaterais. Para Dilma e Peña Nieto, o tratado e a nova negociação comercial "atualizam" o relacionamento entre os dois países. Em seu pronunciamento na assinatura de atos, a presidente brasileira afirmou que os dois países não podem continuar "de costas" um para o outro.
Duas maiores economias da América Latina, Brasil e México possuem comércio que representa menos de 2% de suas exportações e importações. O Brasil vende mais para a Índia e a Coreia do Sul do que para o seu vizinho do norte.
"Nossos números estão aquém do nosso potencial, do tamanho da nossas economias e da força de nossos nossos povos", declarou Dilma. Os dois presidentes previram que o comércio entre os dois países poderá dobrar na próxima década.
O acordo que começará a ser negociado em julho substituirá o que foi assinado e 2002, que prevê redução tarifária para 800 produtos. Desses, 358 estão beneficiados com tarifa zero. Os dois países pretendem ampliar o universo de produtos isentos e abranger os que atualmente estão excluídos de tratamentos tarifário preferencial.
Além disso, serão incluídos bens agrícolas, nos quais o Brasil é mais competitivo que o México. Na avaliação de Dilma, o novo acordo poderá abranger um universo de 6.000 produtos -o Brasil exporta 4.798 itens ao país centro-americano, segundo levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
A balança comercial era favorável ao Brasil até 2009, quando passou a ser deficitária. No ano passado, o país importou US$ 5,4 bilhões do México e exportou US$ 3,7 bilhões, registrando um saldo negativo de 1,7 bilhões.
"Nós estamos perdendo mercado no México", afirmou o presidente da CNI, Robson Andrade, defensor da ampliação dos acordos comerciais com o país. O México respondia por 4% das exportações brasileiras em 2004, percentual que caiu para 1,6% no ano passado. Uma das principais razões para a queda foi a assinatura de vários acordos comerciais pelo México.