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Mais 2 tibetanos se imolam em protesto contra China

Dois tibetanos se imolaram na quarta-feira para protestar contra a política chinesa para a região, elevando para 38 o número de casos do tipo registrados no país desde março de 2011. Vídeo divulgado por entidade ligada a tibetanos no exílio mostra dois homens com os corpos em chamas carregando bandeiras do Tibete, até caírem no solo. Um deles morreu, enquanto o outro ficou gravemente ferido, segundo relato da agência oficial Xinhua e do Congresso da Juventude Tibetana, a entidade que distribuiu as imagens.

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Por claudiatrevisan
Atualização:

Os casos ocorreram em uma área majoritariamente tibetana na província de Qinghai, que faz fronteira com o Tibete. No fim de maio, dois homens se imolaram em Lhasa, nos primeiros casos registrados na capital tibetana, o que levou ao aumento da segurança na região. Dos 38 tibetanos que atearam fogo a seu próprio corpo, cerca de 26 morreram. O paradeiro dos sobreviventes é desconhecido.

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As imolações refletem o ressentimento dos tibetanos em relação às políticas chinesas e ao aumento da repressão que se seguiu aos conflitos de março de 2008, quando jovens tibetanos em Lhasa atacaram chineses han, a etnia majoritária do país, provocando a morte de 18 pessoas. Os confrontos levaram a manifestações de descontentamento em outras regiões e a choques com a polícia nos quais tibetanos morreram. O caso mais grave ocorreu no mosteiro Kirti, na província de Sichuan, onde 13 monges foram mortos a tiros no dia 16 de março de 2008. O local é o epicentro dos casos de imolações e registrou o primeiro deles, em 16 de março de 2011, três anos depois da morte dos 13 monges.

Além de protestar contra a política de Pequim, os tibetanos pedem a volta à China do dalai lama, seu líder espiritual que deixou a região em 1959, depois de um levante fracassado contra o domínio chinês. Desde então, vive exilado na Índia. As autoridades chinesas classificam o dalai lama de separatista. O religioso nega as acusações, afirma que busca maior grau de autonomia para os tibetanos e sustenta que o grupo é vítima de um "genocídio cultural" por parte dos chineses.

Jornalistas estrangeiros só podem viajar ao Tibete com autorização do governo chinês, que restringiu o acesso à região depois dos conflitos de 2008. As autoridades também criaram uma barreira em torno da cidade de Aba, onde fica o mosteiro de Kirti. Repórteres que tentam chegar ao local são barrados em postos policiais levantados em virtualmente todas as estradas da região. Os poucos que conseguem furar o cerco são enviados de volta a Pequim assim que são identificados pela polícia.

Aqui, uma imagem das últimas imolações, feita a partir do vídeo amador divulgado pelo Congresso da Juventude Tibetana:

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