Na disputa presidencial de 2016, os Koch pretendem superar todos os recordes dos já obscenos custos eleitorais americanos e canalizar US$ 900 milhões na defesa dos temas -e candidatos- que lhe são caros. O valor supera os US$ 657 milhões que o Comitê Nacional do Partido Republicano gastou em 2012 nas disputas pela Presidência dos EUA, as 435 cadeiras da Câmara dos Deputados e as 100 do Senado, segundo o New York Times.
A dinheirama não virá só do caixa dos Koch. No último fim de semana, os irmãos reuniram na Califórnia um grupo de abastados que comunga de suas ideias e estão dispostos a contribuir para o esforço de promover sua agenda libertária, termo que nos EUA se refere ao conservadorismo extremo, que rejeita qualquer forma de interferência do governo na vida privada e na economia. Em um desses paradoxos embaraçosos, a defesa do Estado mínimo se desmancha em temas como aborto e casamento gay, em relação aos quais os irmãos são menos tolerantes à liberdade de escolha individual.
Em 1980, David Koch foi candidato à vice-presidência pelo Partido Libertário em uma chapa encabeçada por Ed Clark. Entre as propostas que defendeu estavam o fim de escolas públicas e de qualquer forma de Seguridade Social. Também propunha a extinção da CIA e do FBI, vistos como agências do governo com poder excessivo sobre o cidadão.
Clark e Koch receberam 1,1% dos votos. Incapazes de conquistar os eleitores diretamente, David e seu irmão, Charles, decidiram terceirizar sua influência, financiando candidatos, institutos de pesquisa (think tanks) e campanhas de temas conservadores.
A influência dos donos do dinheiro nas eleições americanas se ampliou drasticamente a partir de 2010, quando a Suprema Corte decidiu que as corporações têm direito de expressão como os indivíduos. E doações a causas e candidatos são a maneira pela qual elas "falam". Se as empresas decidirem canalizar seu direito de expressão por meio de entidades sem fins lucrativos, sua identidade e valores doados não precisam ser revelados. Adivinha qual o caminho preferido pelos irmãos Koch?
Grande parte dos milhões que eles mobilizam para as causas libertárias trafega por entidades que não têm fins lucrativas, mas possuem fins políticos óbvios, o que torna impossível saber quanto exatamente vêm deles e quanto é doado por outros bilionários simpatizantes das ideias libertárias.