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Mundo em Desalinho

O drama foi tão agudo que virou do avesso

Por momentos me perguntei se estava assistindo à semifinal da Copa no Brasil ou a uma neochanchada com 11 coadjuvantes. Depois que a Alemanha fez o terceiro gol, tudo ganhou um ar de pastelão, de exagero irreal típico dos filmes mudos, nos quais os gestos e situações têm de ser extremos e explícitos para não haver dúvida sobre seu significado. O drama foi tão agudo que virou do avesso. Tudo parecia tão fora de lugar que era inevitável não rir.

Por claudiatrevisan
Atualização:

O bom do mundo hiperconectado é que não foi preciso esperar o psicodrama pós-jogo para ouvir a genialidade do humor brasileiro em ação. O troféu de menções nas redes sociais vai para o anônimo que colocou a seleção alemã à frente da Volkswagen no ritmo de fabricação de Gols. Quatro deles ocorreram em um espaço de seis minutos, um recorde em mundiais.

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"Imagina na Copa!" foi outro clássico instantâneo. Li em inglês, mas convenceria muito bem em português: "O único jeito de entender o que aconteceu é assistir em câmera lenta". Eu vi o jogo e rabo de olho, dividida entre a TV e um texto sem nenhuma relação com o futebol na tela do meu computador. A primeira vez em que chequei o placar, ele estava 2x0. Quando voltei a olhar, 4x0. 5, 6, 7...

Mas foi impossível embarcar no dramalhão. "Neste momento de dor, presto solidariedade às famílias das vítimas", declarava "Dilma" em mensagem colocada nas redes sociais. Na mesma pegada: "Os pessimistas tinham razão. Se todos nós tivéssemos apoiado o movimento 'Não vai ter Copa', não estaríamos passando por isso agora!". E havia Tutty Vasques: "1) Pelo menos não vai ter Maracanaço! 2) Foi tão rápido que nem doeu! 3) A Argentina pode passar por isso na final!" O tragédia é que o massacre dos alemães não encerrou a participação do Brasil no mundial mais caro da história. Ainda corremos o risco de amargar um humilhante quarto lugar. É recomendável começar já a produção de piadas.

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