Foto do(a) blog

Mundo em Desalinho

Trump e Macron: do tenso aperto de mão aos beijos

Em seu dois primeiros encontros com Donald Trump, há quase um ano, Emmanuel Macron foi preparado para resistir aos intensos apertos de mão do presidente americano, o que transformou os cumprimentos em uma literal disputa de força entre os dois líderes. Quando chegou à Casa Branca na tarde de segunda-feira, o francês adotou outra estratégia e desarmou o anfitrião com dois beijos no rosto, que se repetiram no dia seguinte.

PUBLICIDADE

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

Trump devolveu a demonstração de intimidade quando ambos estavam em pé diante de fotógrafos e jornalistas no Salão Oval. "Nós temos uma relação muito especial. Aliás eu vou tirar esse pedaço de caspa daqui", declarou, enquanto passava a mão no ombro esquerdo do visitante. "Nós temos que fazer com que ele seja perfeito. Ele é perfeito", emendou.

PUBLICIDADE

Ao fim dos comentários iniciais na entrevista coletiva que concederam na terça-feira, Macron puxou Trump para mais um beijo, ao qual o americano respondeu com outra declaração de afeto: "Eu gosto muito dele".

A evolução do tenso aperto de mão aos beijos simboliza a transformação da relação entre os dois presidentes desde a eleição de Macron, em maio, quando ele foi saudado como o anti-Trump. Então com 39 anos, ele parecia ser o oposto do septuagenário americano em quase todos as questões internacionais. O francês é defensor da globalização e do multilateralismo, enquanto o americano foi eleito com uma retórica nacionalista que vê a integração e a cooperação internacional com desconfiança.

Ao lado de Trump ontem, Macron tocou nesses e em outros pontos de divergência, entre os quais o Acordo de Paris sobre mudança climática, que os EUA abandonaram. Mas o francês também enfatizou os pontos de concordância, em especial a luta contra o terrorismo e a ação na Síria. Ao fazer isso, ele criticou de maneira indireta o antecessor de Trump, Barack Obama, o que certamente fortaleceu ainda mais sua imagem perante o americano.

"No passado, às vezes a França defendeu que era o momento de ter ação contra armas químicas e não foi seguida por seus aliados, inclusive os Estados Unidos", afirmou, referindo-se à ameaça não concretizada de Obama de atacar a Síria em 2013. "Isso não foi o que aconteceu agora", observou, 11 dias depois de forças francesas, americanas e britânicas terem atacado o que descreveram como instalações ligadas ao programa de armas químicas de Bashar Assad. "Nós decidimos juntos o que era possível e o que não era."

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.