PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Mundo em Desalinho

Trump ganha batalha cultural contra jogadores negros da liga de futebol americano

NFL decide que times serão punidos caso algum de seus integrantes se recuse a ficar em pé durante a execução do hino nacional; os que quiserem protestar deverão ficar no vestiário, longe dos olhos do público

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

Donald Trump ganhou uma das principais batalhas culturais que dividiram a sociedade dos EUA no ano passado. Depois de meses de pressão do presidente e de seus seguidores, a liga de futebol americano (NFL) anunciou que times serão punidos caso algum de seus jogadores se recuse a ficar em pé durante a execução do hino nacional. O principal alvo da medida são atletas negros, que representam 70% dos integrantes das equipes do esporte mais popular do país. Muitos deles se recursaram a ficar em pé e se ajoelharam ao longo de meses em protesto contra a violência policial que atinge os afro-americanos de maneira desproporcional.

PUBLICIDADE

Craque na manipulação de símbolos e na criação de narrativas do tipo "nós contra eles", Trump caracterizou os protestos como um gesto anti-patriótico, de desrespeito à bandeira dos EUA. O discurso encontrou eco em grande parte dos fãs da NFL, 83% dos quais são brancos. A liga decidiu que aqueles que quiserem protestar deverão ficar no vestiário, longe dos olhos do público.

Ironicamente, a nova orientação foi anunciada no mesmo dia em que uma juíza de Nova York decidiu que a prática de Trump de bloquear críticos no Twitter é uma violação da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que garante a liberdade de expressão e de manifestação. Na opinião da magistrada Naomi Buchwald, a conta do presidente na mídia social é equivalente a um "fórum público", no qual o bloqueio com base em posições políticas representa uma violação da Primeira Emenda.

A onda de protestos dos jogadores da NFL começou em meados de 2016, quando Colin Kaepernick, do San Francisco 49ers, se recusou a ficar em pé durante a execução do hino nacional para protestar contra a injustiça racial nos EUA. "Eu não vou me levantar para demonstrar orgulho de uma bandeira de um país que oprime pessoas negras e pessoas de cor", disse ele na época à NFL Media.

Apesar de 70% de seus jogadores serem negros, todos os que detêm controle majoritário ou são CEOs ou presidentes de times são brancos. Não por acaso, o patriotismo ganhou na disputa com o protesto contra a violência racial e a liberdade de expressão.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.