As cerimônias de posse que fizeram história nos EUA

Do início da tradição criada por George Washington, em 1789, até a chegada do primeiro negro à Casa Branca, em 2009, relembre momentos icônicos nos quais presidentes americanos assumiram o cargo

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Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - Kennedy ficou marcado por recomendar ao povo que "não pergunte o que seu país pode fazer por você", Obama fez história como o primeiro presidente negro e William Henry Harrison pegou uma pneumonia mortal por discursar sem casaco. Na sexta-feira, 20, será a vez de Donald Trump escrever sua página na história dos Estados Unidos.

A Constituição não diz muito sobre como deve ser a grande cerimônia de posse, apenas a data e o juramento. A pompa dos atos modernos são o resultado de anos da evolução de uma tradição inaugurada em 1789, por George Washington.

Com a mulher, Michelle, e as filhas, Sasha (D) e Malia, Barack Obama faz juramento em sua primeira ceromônia de posse, em 2009 (AP Photo/Chuck Kennedy, Pool) Foto: Estadão

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Pouco tem a ver a grandiosidade das cerimônias atuais com o badalar dos sinos de antigamente, quando Nova York era a capital americana, ou com o esforço de Thomas Jefferson em 1801, na primeira realizada em Washington, para evitar qualquer traço de cerimônia monárquica.

Jornalistas que cobriram a posse de Obama em 2009 e várias outras antes lembram daquela como "a mãe de todas as posses". Com 1,8 milhão de pessoas esperançosas com o lema "Yes, we can" ('Sim, nós podemos') do primeiro presidente negro, essa cerimônia estabeleceu um recorde do qual, segundo as estimativas, Trump ficará muito atrás.

O magnata republicano pode ter frustrados nesta sexta-feira os dois sonhos confessos que tinha para a posse: superar o recorde histórico de Obama, como pediu pelo Twitter em dezembro, e oferecer um grande show, o que parece difícil após vários artistas renomados terem se recusado a comparecer.

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Trump tem chances de bater outro recorde: reunir os maiores protestos. O último presidente republicano, George W. Bush, presenciou vários durante a primeira posse (2001), após as polêmicas eleições que deixaram o país partido ao meio.

O também polêmico magnata chega à Casa Branca não apenas com o país dividido, mas encoberto por uma nuvem de desgosto que faz muitos sentirem saudades do otimismo apresentado durante as posses de Obama (2009), Ronald Reagan (1981) e John F. Kennedy (1961).

Ronald Reagan e sua mulher Nancy Reagan acenam para o público que acompanhou sua posse, em 1981 (AP) Foto: Estadão

O jovem e atraente Kennedy, 27 anos mais jovem que o antecessor, concedeu um memorável discurso no qual disse que a tocha tinha passado para uma nova geração de americanos e pronunciou o marcante "não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país".

O ponto "impressionante" do discurso de Ronald Reagan, que com quase 70 anos foi o presidente mais velho a assumir o cargo até Trump (que já tem 70 anos), foi "o otimismo que mostrou após um período no qual o país sentia que estava em queda", disse a historiadora presidencial Doris Kearns Goodwin.

"Comecemos uma era de renovação nacional, renovemos nossa determinação, nossa coragem e nossa força, renovemos nossa fé e nossa esperança", disse Reagan, que inaugurou as cerimônias no lado oeste do Capitólio, mais vistoso que o leste por ter vista para o National Mall e permitir um maior número de espectadores.

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Desde então, todas as cerimônias de posse foram realizadas nesse lado do Capitólio, exceto a segunda de Reagan (1985), que precisou ser transferida para o interior porque os termômetros marcavam 14 graus abaixo de zero.

John F. Kennedy faz seu memorável discurso de posse, em 1961, no qual afirmou que 'a tocha tinha passado para uma nova geração de americanos' (AP) Foto: Estadão

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As temperaturas congelantes fazem parte da tradição das cerimônias de posse nos Estados Unidos, que primeiro eram realizadas no dia 4 de março, ainda durante o rigoroso inverno em Washington. Depois, a partir de 1937, passaram a ocorrer em 20 de janeiro, o mês mais frio na capital.

A história mostra que não convém se arriscar. William Henry Harrison, em 1841, pronunciou oito mil palavras durante quase duas horas em um congelante 4 de março sem casaco nem chapéu. O discurso foi acompanhado pela presidência mais curta: contraiu uma pneumonia e morreu um mês depois.

Trump terá mais sorte com as temperaturas, mais altas que o normal para janeiro, mas as últimas previsões alertam para a possibilidade de chuvas que podem ofuscar o brilho da cerimônia. / EFE

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