Do lado republicano, acusações de abuso sexual e comentários vulgares contra as mulheres. Do lado democrata, repercussões das divulgações recentes de novos e-mails. Donald Trump e Hillary Clinton lidarão com esses fatores no debate desta noite e terão a última oportunidade de conquistar o voto dos eleitores. Muito ainda pode acontecer em três semanas até o dia da votação, e as campanhas têm sido cheias de surpresas.
Veja abaixo alguns assuntos que merecem atenção no debate desta quarta-feira, 19, segundo o jornal The New York Times.
Trump preocupado com sua imagem
O magnata já é o candidato à presidência mais odiado na história das campanhas americanas, e sua reputação dificilmente se recuperará se ele continuar apostando em teorias conspiratórias sobre fraude nas eleições e em zombar da aparência das mulheres que o acusam de abuso sexual. Mais um desempenho polêmico contra sua rival pode afastar ainda mais eleitores. Mas se Trump tem pouco a perder como político, ele ainda conta com interesses importantes em jogo. Muitos de seus empreendimentos dependem do valor de sua marca pessoal e nome. Em algum ponto, o empresário pode se sentir pressionado - tanto por parentes quanto por parceiros de negócios - a proteger seus investimentos por meio de uma retórica menos agressiva.
Hillary tenta encontrar o tom certo
Liderando em Estados tradicionalmente republicanos e aumentando cada vez mais a vantagem sobre seu adversário, Hillary está em uma boa colocação na reta final da corrida presidencial. Favorecida a vencer as eleições, o debate será uma oportunidade de começar a olhar além da votação e pensar em unificar o país, que tem sido dividido por uma campanha avaliada como baixa. Após elogiar a frase de Michelle Obama - "quando eles vão para baixo, nós vamos para cima" - a democrata tem agora a chance de transformar o conselho em ação.
Trump x Partido Republicano
Esnobado recentemente por Paul Ryan, presidente da Câmara dos Deputados, Trump parece ansioso para atacar líderes considerados por ele "traidores" em seu próprio partido e para construir um caso contra Hillary. O republicano reservou uma crítica especial para Ryan, descrevendo-o como um líder fraco e com ideias ruins com relação a comércio e imigração, além de sugerir que ele poderia sabotar sua campanha para começar a abrir caminho para ser indicado às eleições nos próximos quatro anos. Tais ataques podem causar grandes danos ao Partido Republicano e repercutir muito além do dia da eleição.
Nova estratégia de Hillary
Os republicanos estão radiantes com as revelações recentes do WikiLeaks sobre a democrata, principalmente com relação aos seus discursos privados e à divulgação de seus e-mails, que acabaram lançando uma nova luz sobre a campanha de Hillary e desviando as atenções da campanha pesada de Trump. O debate desta quarta-feira é a chance da ex-secretária de Estado conquistar ainda mais eleitores moderados e até mesmo alguns republicanos, que estão relutantes em apoiar Trump, mas ainda incertos sobre votar em Hillary.
Acusações de abuso sexual
Diante das acusações de abuso e assédio sexual contra Trump, pode haver momentos em que o evento desta noite se pareça mais com um drama de tribunal do que um debate presidencial. O republicano nunca rejeitou as alegações e ainda passou a ridicularizar as mulheres envolvidas nas queixas, além de desacreditar suas histórias. Se no segundo debate o empresário teve de lidar a com divulgação de uma gravação em que ele faz comentários vulgares com relação às mulheres, agora o desafio dele é ainda maior, já que as acusações contra ele aumentaram e grande parte do eleitorado decidiu ficar do lado das vítimas.