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Campanha de extremos inéditos

Bilionário e celebridade de TV sem experiência política enfrenta representante do establishment

Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia TrevisanENVIADA ESPECIAL / JACKSONVILLE, EUA

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Bilionário que se tornou uma celebridade mundial como apresentador do reality show O Aprendiz e nunca ocupou um cargo público na vida, Donald Trump é o outsider por excelência na disputa pela presidência dos Estados Unidos, na qual enfrenta uma adversária que é uma das principais representantes do establishment político americano, Hillary Clinton.

Na mais inusitada eleição da história moderna americana, a primeira mulher com chance de chegar à Casa Branca disputa a preferência dos eleitores com o homem que dá notas a integrantes do sexo oposto com base no contorno de seus corpos e se gaba de poder fazer o que quiser com elas por ser famoso.

Hillary Clinton e Donald Trump se enfrentam no terceiro e último debate presidencial ( Foto: AFP PHOTO / Mark RALSTON)

Trump impulsionou sua candidatura com uma visão apocalíptica e sombria, que apresenta os Estados Unidos como um país invadido por imigrantes, mergulhado na criminalidade e na pobreza, ameaçado por inimigos internos e externos e explorado e humilhado fora de suas fronteiras.

Suas respostas às aflições de seus seguidores podem ser traduzidas em slogans de campanha, como construir o muro, deportar imigrantes e barrar muçulmanos.

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O desafio de Hillary é ser a candidata da continuidade no momento em que os eleitores americanos parecem desejar a mudança. A democrata se apresenta como a guardiã do legado de oito anos do presidente Barack Obama, que se empenha pela eleição da sucessora como nenhum outro ocupante da Casa Branca na história recente dos Estados Unidos.

A candidata afirma que a América já é grande, apresenta uma visão otimista do futuro e diz que Obama não recebe o crédito merecido por ter retirado os Estados Unidos da mais profunda recessão em sete décadas. Dados oficiais mostram que a economia americana está em seu melhor momento desde a crise de 2008. Em 2015, a renda cresceu no mais elevado ritmo desde 1967 e o desemprego caiu no mês passado a 4,9%, metade do registrado em 2009.

Mas a retórica de Trump encontra ressonância em comunidades que veem rápidas mudanças, com aumento do fluxo de imigrantes e o desaparecimento de empregos industriais. A maioria das ocupações foi engolida pela automação e tecnologia, mas o republicano foi bem-sucedido em responsabilizar o comércio internacional e a globalização pelo fenômeno.

Além de divergências políticas, os dois candidatos representaram visões conflitantes sobre a identidade dos Estados Unidos e de seu lugar no mundo. Estudo do Wall Street Journal mostrou que Trump é mais popular em cidades pequenas de maioria branca que viram o fluxo de imigrantes aumentar desde o início deste século.

Seu slogan "Tornar a América Grande de Novo" apela para uma nostalgia do período em que homens brancos conseguiam sustentar suas famílias trabalhando nas linhas de montagem de fábricas que não existem mais.

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Hillary representa as grandes cidades que formam a base do Partido Democrata, nas quais os serviços e a tecnologia criaram novos empregos e onde a diversidade étnica e racial predomina. Ainda que a defesa da globalização tenha ficado na berlinda nessa eleição, ela tem uma visão mais internacionalista que a de Trump e, segundo as pesquisas, é vista pelos eleitores como a mais preparada para conduzir a política externa dos Estados Unidos.

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