Clinton prevê rejeitar doações a fundação

Em meio a suspeita de conflito de interesses, ele disse que a fundação da família deixará de receber doações estrangeiras se sua mulher for eleita

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Por Redação Internacional
Atualização:

NOVA YORK- Frente às críticas a algumas doações feitas à entidade filantrópica de sua família, Bill Clinton disse na quinta-feira que, se Hillary chegar à presidência, a Fundação Clinton não aceitará mais dinheiro de doadores estrangeiros ou corporações e ele renunciará à diretoria da entidade.

O anúncio de Clinton, feito a funcionários da fundação, seguiu-se à recente divulgação de e-mails do Departamento de Estado mencionando que doadores da Fundação Bill, Hillary e Chelsea Clinton mantiveram contato com assessores de Hillary quando ela era secretária de Estado.

Hillary em evento de campanha em Iowa. Foto: Andrew Harnik/AP

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As doações tornaram-se um ponto fraco de Hillary na campanha contra Donald Trump. O republicano sugeriu repetidamente que doadores estrangeiros corromperam o mandato de Hillary como secretária de Estado. Na terça-feira, a campanha de Trump citou um editorial do Boston Globe intitulado A Fundação Clinton Deveria Parar de Aceitar Fundos.

A decisão surge em meio a preocupações de aliados de Hillary de que possam aparecer mais detalhes do relacionamento entre o Departamento de Estado sob Hillary e doadores da fundação.

Trump já mencionou uma série de e-mails de 2009 mostrando Douglas J. Band, consultor de Hillary, tentando articular um encontro entre um funcionário de alto escalão do governo americano e Gilbert Chagoury, empresário libanês-nigeriano e doador da fundação.

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"Como vocês sabem, ele é um cara-chave lá, e para nós, e é amado no Líbano", escreveu Band numa mensagem obtida por Judicial Watch, grupo de lobby conservador, em atas públicas de processos.

Trump disse que a troca de mensagens comprova o "toma-lá-dá-cá" entre doadores e o Departamento de Estado de Hillary. A campanha de Hillary disse que o rival descaracterizou as mensagens e a candidata nunca se pautou por doações à fundação.

Mas a divulgação de e-mails, e seu potencial para reais ou supostos conflitos de interesse, forçou os Clintons a se protegerem de maiores danos aos já baixos níveis de confiança da candidata entre eleitores.

O ex-presidente também disse que, Hillary ganhando ou perdendo, a Fundação Clinton encerrará a Clinton Global Initiative, um encontro anual de líderes globais, filantropos, doadores e celebridades para discutir preocupações internacionais. O último encontro será em setembro.

Doadores estrangeiros e países são proibidos de doar diretamente para campanhas políticas americanas, mas têm doado centenas de milhões de dólares à Fundação Clinton, que trabalha em nível mundial no combate à aids e ao HIV, à malária, à obesidade infantil e às mudanças climáticas, defendendo ainda os direitos das mulheres e outras causas.

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No anos passado, sob pressão por seus negócios com doadores de fora dos Estados Unidos, a Fundação Clinton informou que iria proibir novas contribuições de governos, mas não interrompeu as doações individuais de estrangeiros, corporações ou instituições de caridade.

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A decisão de Bill Clinton foi anunciada pela Associated Press e confirmada por Craig Minassian, um porta-voz da fundação. A entidade passará a contar apenas com contribuições de cidadãos e instituições americanos caso Hillary venha a ser presidente, disse Bill.

A providência, porém, não vai pôr fim necessariamente às preocupações sobre como a fundação e seus apoiadores se relacionariam com um governo Hillary Clinton.

Uma reportagem do programa de TV ABC News em junho, sobre a designação de Rajiv K. Fernando, corretor de seguros de Chicago e grande doador da fundação, para uma importante diretoria do Departamento de Inteligência em 2011, provocou uma imediata reação de rivais políticos de Hillary. Como a Fundação Clinton Pôs à Venda a Segurança Nacional - foi o título de um comunicado à imprensa de um comitê nacional, republicano.

Hillary melhorou seus índices de confiabilidade recentemente, mas 59% dos americanos ainda dizem que ela não é honesta ou confiável, comparados aos 62% que dizem o mesmo de Donald Trump, segundo pesquisa ABC News/Washington Post divulgada neste mês. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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