Convenção democrata começa com vaias e protestos contra Hillary

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Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia TrevisanENVIADA ESPECIAL FILADÉLFIA, EUA

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A convenção do Partido Democrata foi aberta nesta segunda-feira, 25, na Filadélfia com uma oração em defesa da unidade, mas a menção ao nome de Hillary Clinton pela pastora Cynthia Hale foi suficiente para parte do público começar a vaiar e iniciar o coro "Bernie, Bernie", em defesa da candidatura do senador derrotado nas primárias partidárias pela ex-secretária de Estado.

Representantes dos 13 milhões de eleitores que votaram em Bernie Sanders, esses delegados estão determinados a marcar sua posição em defesa da "revolução política" iniciada pelo senador septuagenário na disputa pela candidatura do partido à Casa Branca.

Participante faz manifestação pró-Bernie Sanders durante convenção democrata Foto: Joe Raedle/Getty Images/AFP

Nos dois últimos dias, centenas deles marcharam pelas ruas da Filadélfia com cartazes em defesa de Sanders e de suas propostas - entre as quais a condenação da influência de grandes doadores em campanhas eleitorais e a rejeição ao Tratado da Parceria Trans-Pacífico, um mega acordo de livre-comércio negociado pelo atual presidente, o democrata Barack Obama.

Com camisetas e buttons de campanha de Sanders, seus simpatizantes ocuparam parte significativa do estádio onde mais de 4 mil delegados se reúnem. Antes da abertura da convenção, o senador fez um discurso aos seguidores, no qual defendeu a eleição de Hillary - e também foi vaiado. Quando ele mencionou o nome da candidata que venceu as primárias democratas, a plateia respondeu com gritos de "queremos Bernie!"

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Sanders respondeu com um ataque a Donald Trump, o candidato que disputará as eleições de novembro pelo Partido Republicano. "Trump é perigoso para o futuro de nosso país", declarou o senador. "Farei tudo o que estiver a meu alcance para que ele seja derrotado."

A percepção de muitos seguidores de Trump de que o sistema eleitoral é corrupto foi reforçada pela divulgação de quase 20 mil e-mails do Comitê Nacional Democrata, entidade responsável pela condução das primárias. As mensagens mostram que alguns integrantes da organização tentaram prejudicar a candidatura de Sanders na disputa com Hillary.

"Isso foi muito revelador. Sempre soubemos que o sistema era corrupto, agora vemos evidências", disse ao Estado Cathy Brandesteller, uma delegada de Sanders do Estado de Wisconsin. Apesar de Hillary ter obtido o número suficiente de votos para garantir sua nomeação, Brandsteller disse que ainda tinha esperança de mudar o resultado na convenção. Para isso, seria necessário que mais de duas centenas de superdelegados mudassem de lado, o que era improvável.

Como muitos dos seguidores de Sanders que estão na Filadélfia, Brandsteller disse não saber se votará em Hillary. Se votar, não fará campanha em favor da candidata. Nos últimos meses, ela atuou quase todos os dias como voluntária do senador.

Mesmo não sendo nomeado, Sanders conseguiu uma vitória importante na convenção com a mudança das regras internas do partido sobre o voto dos superdelegados - ocupantes de cargos eletivos e líderes da legenda que podem votar como quiserem durante as primárias. Decisão aprovada ontem reduzirá o peso desses representantes nas próximas eleições.

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Hillary conseguiu 2.807 delegados nas primárias, dos quais 602 eram superdelegados. Sanders teve 1.894 delegados, dos quais apenas 48 eram superdelegados. Depois de uma convenção republicana que foi a mais branca da história do partido, os democratas celebraram a diversidade em seu encontro, com grande participação de negros, latinos, mulheres e representantes da comunidade LGBT.

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