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Diretor da CIA alerta Trump a ter cuidado com o que diz e com a Rússia

Brennan manifestou-se contra o levantamento de sanções a Moscou e disse que os tuítes que o magnata posta poderão ter impacto profundo para os EUA

Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - O diretor da CIA, John Brennan, fez neste domingo uma severa censura a Donald Trump, que assume a presidência dos EUA na sexta-feira, alertando-o contra a absolvição da Rússia por ações recentes e para tomar cuidado com o que diz.

O comentário de Brennan, em entrevista ao programa Fox News Sunday, ressalta a tensão entre o presidente eleito e a comunidade de inteligência, que Trump tem criticado. O diretor da CIA disse que Trump precisa pensar bem nos comentários que faz após assumir o cargo na sexta-feira, referindo-se ao costume do republicano de fazer controvertidas declarações pelo Twitter.

Para Brennan, acusações de Trump à comunidade de inteligência foram ofensiva ,( Foto: AFP/ ZACH GIBSON

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"A espontaneidade não é algo que proteja os interesses da segurança nacional e, portanto, quando ele fala ou quando reage deve ter certeza de que entendeu que as implicações e o impacto nos EUA podem ser profundos", disse. "É mais do que apenas sobre o sr. Trump, é sobre os EUA", disse Brennan, que está deixando o cargo.

No sábado, Trump sugeriu que poderia levantar as sanções impostas no mês passado contra a Rússia pelo governo Barack Obama em razão dos ataques cibernéticos para influenciar a eleição presidencial. Na semana passada, o magnata acusou a comunidade de inteligência dos EUA de deixar vazar informações sobre um dossiê, segundo o qual a Rússia teria informações comprometedoras contra ele.

Trump acusou as agências de inteligência de utilizar práticas da era nazista. Pelo Twitter, Trump afirmou que as agências de inteligência nunca deveriam ter permitido que "esta falsa notícia escapasse para o público". "Um último tiro em mim. Estamos vivendo na Alemanha nazista?", acrescentou.

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Por meses, o magnata questionou publicamente a conclusão das agências de inteligência, segundo as quais Moscou esteve por trás dos ciberataques contra o Comitê Nacional Democrata, antes de admitir na entrevista de quarta-feira que provavelmente a Rússia foi responsável pelo hackeamento. A comunidade de inteligência concluiu em um relatório apresentado a Trump e ao presidente Barack Obama que a Rússia tentou influenciar nas eleições de novembro, mas não disse se Moscou foi bem-sucedida.

"O que acho ultrajante é comparar o pessoal da inteligência com a Alemanha nazista", disse Brennan. "Fico muito envergonhado com isso, e não há nenhuma base para Trump apontar o dedo para a comunidade de inteligência pela divulgação de informações que já estavam disponíveis publicamente."

Brennan defendeu a decisão das agências de informar Trump sobre as alegações. "Não há interesse em prejudicar o presidente eleito. É nossa responsabilidade ter certeza de que entende as ameaças."

Ele também disse que a repetida denúncia de Trump contra a comunidade de inteligência ameaça subestimar a segurança nacional. "O mundo está assistindo agora ao que Trump diz e escutando com muito cuidado. Se ele não tem confiança na comunidade de inteligência, que sinal isso envia aos nossos parceiros e aliados, assim como aos nossos adversários?" / REUTERS

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