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Donald Trump e seus constantes ataques à imprensa

Candidato republicano à presidência dos Estados Unidos costuma reservar parte de seu tempo nos comícios para atacar jornalistas e chamá-los de desonestos

Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - O candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, costuma dedicar um tempo de seus comícios para atacar os jornalistas, chamá-los de desonestos e direcionar a raiva de seu público contra eles.

O magnata evita oferecer mais entrevistas coletivas que sua rival democrata, Hillary Clinton, mas costuma utilizar esses encontros - muitas vezes um monólogo - para atacar os profissionais da informação e os veículos de imprensa que o criticam, e também para ameaçar incluí-los em sua "lista negra", que contém aqueles cujo acesso está vetado em seus atos de campanha.

Republicano Donald Trump (dir.) ao lado de seu ex-chefe de campanha, Corey Lewandowski (esq.) ( Foto: AFP PHOTO / RHONA WISE)

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Em um comício realizado nesta semana em Ashburn, na Virgínia, Trump voltou a investir contra os meios de comunicação: "Este sistema está manipulado. Estamos concorrendo contra um sistema manipulado e veículos de imprensa desonestos. Os meios de comunicação são muito desonestos", disse o magnata.

Em outras ocasiões, ele prefere pedir a seus simpatizantes que virem de costas e deem uma olhada nos jornalistas, para posteriormente realizar comentários como: "Lá atrás, fechados, é assim que gosto de vê-los".

A campanha de Trump criou o que passou a ser chamado de "lista negra", que contém um conjunto de veículos de imprensa que não têm permissão de entrar nos atos de campanha do candidato e que, além disso, têm sua cobertura dificultada.

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O jornal The Washington Post, a emissora hispânica Univisión, e os sites Político, Buzzfeed e Huffington Post foram incluídos na lista, cujos integrantes parecem entrar e sair dependendo de como Trump avalia a cobertura recebida.

No início desta semana, Trump ameaçou incluir o jornal The New York Times na lista, pois alegou que este não sabe como escrever algo positivo sobre ele, após a publicação de histórias que expõem as conexões do chefe de campanha do republicano com líderes ucranianos pró-Rússia e sobre as prorrogações que permitiram ao candidato não ir à Guerra do Vietnã.

"O New York Times é muito injusto. Escrevem três ou quatro artigos sobre mim todo dia", explicou Trump em uma entrevista à emissora Fox News. "O Washington Post melhorou um pouco ultimamente", comentou o magnata, antes de ameaçar proibir a entrada da equipe do jornal nova-iorquino em seus atos de campanha.

Os jornalistas do Washington Post foram os primeiros na lista de vetados dos eventos de campanha de Trump, inclusive depois de comprarem entradas para acompanhá-los no meio do público.

Trump não se preocupa com formalidades quando realiza suas "rodas de imprensa", já que uma vez chamou um veterano jornalista da emissora ABC de "asqueroso" e habitualmente ironiza a CNN , apelidando a emissora de "Clinton News Network".

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Para as mulheres jornalistas, Trump reserva grandes doses de misoginia, como quando bradou recentemente um "cale-se" para a repórter Katy Tur, da NBC, ou quando interrompeu as perguntas de outras com comentários como: "Vi você na televisão, é uma beleza".

Em uma coluna de opinião publicada nesta semana, o especialista do centro de estudos Brookings Institution, Robert Kagan, argumentou que Trump sofre alguma patologia psicológica que, por orgulho ou narcisismo, o leva a responder qualquer crítica contra si, mesmo quando isso atenta contra seus interesses.

Veja abaixo: Obama diz que Trump não tem condições de ser presidente

"Há algo ruim neste homem. Não é só sua incapacidade para a empatia; não é só o fato de responder a qualquer crítica que recebe atacando ou diminuindo quem o critica, independentemente de quão pequeno ou inconsequente é o comentário. O problema real é (...) que ele não consegue se controlar", comentou Kagan.

Com a imprensa, Trump se controla pela metade: "Deveria retirar a credencial do New York Times, mas não farei porque, depois, isso vai me trazer publicidade ruim", disse na segunda-feira. Em outros momentos, o magnata não pôde evitar que aflorasse esse outro lado, como quando exclamou em um comício em dezembro: "Ódio à imprensa, eu os odeio". / EFE

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