PUBLICIDADE

Pressionado, Trump tenta se descolar do apoio de grupos da extrema direita

Declarações foram dadas em meio a um escândalo inciado após a divulgação de um vídeo de uma recente reunião do movimento 'alt-right' no qual os participantes festejam o resultado da eleição presidencial com saudações nazistas; veja o vídeo

Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia Trevisan Correspondente / Washington 

PUBLICIDADE

Pressionado por jornalistas do New York Times, o presidente eleito Donald Trump disse nesta terça-feira, 22, que "repudia e condena" os defensores da supremacia branca que celebraram sua eleição no sábado com a saudação nazista e o grito "heil Trump", o mesmo usado em relação a Adolf Hitler na Alemanha dos anos 1930 e 40.

Mas Trump fez uma contundente defesa de seu futuro conselheiro e estrategista na Casa Branca, Stephen Bannon, identificado com o movimento alt-right (direita alternativa), denominação que abrange grupos extremistas de direita. "Se eu achasse que ele era um racista ou um alt-right ou qualquer dessas coisas, os termos que poderíamos usar, não teria nem pensado em contratá-lo", disse o presidente eleito ao jornal.

 Foto: Hiroko Masuike/The New York Times

Antes de ingressar na campanha de Trump, em meados do ano, Bannon dirigia o site Breitbart, que ele próprio definiu como uma plataforma para a alt-right americana. Além da feroz crítica ao establishment político, o Breitbart se celebrizou por estigmatizar muçulmanos, usar linguagem sexista ao tratar de mulheres e publicar manchetes com tom racista.

Na semana passada, Bannon foi escolhido por Trump para ser um de seus principais assessores, com o mesmo status do chefe de gabinete, Reince Priebus, representante da ala tradicional do Partido Republicano.

Publicidade

Radicalismo. A eleição de Trump foi festejada por defensores da supremacia branca e levou ao aumento dos casos de ataques e intimidações contra minorias. O Southern Poverty Law Center, que monitora a ação de grupos de ódio, registrou 701 episódios do tipo desde a vitória do republicano no dia 8.

A maioria deles, 206, foi direcionada a imigrantes. Os negros foram o segundo principal alvo, com 151 ataques, seguidos da comunidade LGBT (80), muçulmanos (51) e mulheres (36). Também houve 27 ataques contra alvos identificados com o presidente eleito e 60 casos de pichação de suásticas.

Em evento realizado em Washington no sábado, cerca de 250 defensores da supremacia branca celebraram a vitória de Trump, visto pelo grupo como representante de seus valores. "Heil Trump, heil nosso povo, heil a vitória!", disse Richard Spencer, presidente do National Policy Institute. "A América era até a geração passada um país branco desenhado para nós e nossa posteridade", declarou Spencer, criador da expressão alt-right.

Ávido usuário do Twitter, Trump não usou sua conta para condenar ou repudiar as manifestações de apoio que recebeu de grupos extremistas. O principal alvo de seus ataques desde sua eleição foi a imprensa, em especial o New York Times. O presidente eleito também atacou o elenco do musical da Broadway "Hamilton" e o humorístico Saturday Night Live.

Imprensa. Em seus posts, Trump manteve a tradição de sua campanha e se referiu ao jornal como o "falido New York Times". No encontro de ontem, ele se queixou da cobertura realizada pela publicação durante a disputa pela presidência. No dia anterior, Trump se reuniu com executivos e apresentadores das cinco maiores redes de TV do país e também os atacou pelo que considerou um tratamento tendencioso.

Publicidade

PUBLICIDADE

Segundo relato da revista New Yorker, Trump adotou um tom agressivo e passou 20 minutos criticando as emissoras, em especial a CNN e a NBC, a quem acusou de mentir. Durante a campanha, o presidente eleito costumava se referir aos jornalistas como "desonestos" e o "pior tipo de pessoas". Com frequência, ele apontava para o local onde a imprensa se posicionava em seus comícios, o que provocava vaias e ataques verbais de seus seguidores.

Pelo menos uma vez, Trump se referiu nominalmente a uma jornalista que cobria seus comícios e a criticou por uma entrevista realizada com ele. No fim da disputa, alguns dos repórteres que acompanhavam o candidato passaram a temer serem alvos de agressões físicas de seus simpatizantes.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.