Cláudia TrevisanEnviada especial / Las Vegas, Nevada
Dezesseis meses depois de entrar na campanha eleitoral dos EUA com a proposta de construir um muro na fronteira com o México e deportar 11 milhões de imigrantes sem documentos, Donald Trump misturou o inglês ao espanhol na noite de quarta-feira para ilustrar suas posições, cujo objetivo seria expulsar os "bad hombres" (homens maus) do país.
O terceiro e o último debate presidencial foi o primeiro a discutir a situação dos imigrantes, algo surpreendente em razão do peso que a questão ganhou na candidatura de Trump. O bilionário anunciou sua disposição de disputar a Casa Branca com um discurso no qual chamou os mexicanos que entram nos EUA de estupradores e traficantes de droga. A proposta de erguer um muro na fronteira, a ser pago pelo país vizinho, energizou seus seguidores a ponto de transformar o "construa o muro" em uma de principais palavras de ordem em seus comícios.
No confronto de quarta-feira, o último antes das eleições de novembro, Trump reiterou suas propostas anteriores e fez sua primeira incursão em espanhol na campanha eleitoral. "Nós temos alguns bad hombres aqui e nós vamos expulsá-los." O uso da expressão provocou comentários irônicos no Twitter. "Bad hombres é parte do esforço de Trump para atrair eleitores hispânicos?", perguntou a fundadora do site Huffington Post, Airanna Huffington.
Com sua retórica anti-imigrante, Trump enfrenta dificuldade para atrair eleitores latinos. A republicana Ana Navarro, que se opõe a Trump, tentou mostrar o tamanho do desafio do candidato nesse eleitorado: "13% dos latinos estão a favor de Trump. Choque de realidade: a maioria dos latinos acredita que Trump é um 'bad hombre'. E nós sabemos como pronunciar."
Hillary criticou a proposta de deportação e defendeu a regularização da situação dos 11 milhões de imigrantes sem documentos e de seus 4 milhões de filhos nascidos nos EUA. "Eu quero todo mundo fora das sombras, ter a economia funcionando e não deixar empregados como Donald Trump explorarem trabalhadores sem documentos, o que os prejudica, mas também prejudica os trabalhadores americanos."
Trump acusou Hillary de ter defendido a proposta de construção de um muro na fronteira com o México em 2006, quando era senadora. A ex-secretária de Estado disse ter votado a favor de maior segurança na fronteira, que abrangia a construção de um muro em aéreas específicas.