Futuro de acordo entre EUA e Europa é dúvida

Negociações sobre livre-comércio estão ‘enterradas’ com a vitória de Donald Trump, admitem diplomatas de alguns dos países da União Europeia

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Por Redação Internacional
Atualização:

Jamil ChadeCorrespondente / Genebra

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Horas após a confirmação da vitória de Donald Trump na eleição americana, em uma sala da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra, embaixadores de algumas das maiores potências do mundo ouviam dos diplomatas americanos uma constatação: ninguém saberia dizer qual seria o futuro dos acordos comerciais e das iniciativas dos EUA com a União Europeia.

Um dia depois, nesta sexta-feira, 11, os europeus já admitiam abertamente que as negociações para um acordo comercial com os americanos estavam suspensas, e sem data para ser retomadas.

A chanceler da UE, Federica Mogherini. Foto: Francois Lenoir/Reuters

A chegada à Casa Branca de um presidente que ganhou apoio popular prometendo protecionismo obrigou a Europa a iniciar imediatamente uma reavaliação de sua relação de parceria estratégica. Hoje, os chanceleres dos 28 países farão uma reunião de emergência em Bruxelas para tentar entender o que vai ocorrer com o maior aliado do Velho Continente. Encabeçando a mesa, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, vai apresentar alguns cenários. Diplomatas afirmaram à reportagem que nenhum deles é positivo.

Entre os diplomatas, poucos ousam traçar uma conclusão de que o Trump da campanha não será o Trump presidente. Mas, até que os primeiros passos sejam dados, o temor europeu é de que uma redefinição completa das alianças seja realizada.

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Durante os últimos três anos, Washington e Bruxelas têm conduzido negociações para a criação do maior acordo comercial da história. Mas, do lado europeu, resistências já apareciam na França e em outras economias, hesitantes em abrir seus mercados.

Agora, com uma posição dura de Trump e indicações de que ele não irá promover uma queda de tarifas, a percepção em Bruxelas é de que o ambicioso projeto está enterrado. "O acordo é parte do passado", declarou Bernd Lange, presidente do Comitê de Comércio do Parlamento Europeu. Mathias Fekl, secretário de Comércio Exterior da França, concorda: "As negociações devem parar. Elas estão mortas."

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