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Hillary recupera impulso e Trump intensifica ataques a 5 semanas das eleições

Em ato com militares, magnata republicano afirmou que a ex-secretária de Estado 'deixou a nação em perigo' em termos de cibersegurança em razão do escândalo dos e-mails; novas pesquisas, no entanto, colocam a democrata em vantagem contra Trump

Por Redação Internacional
Atualização:

WAHSINGTON - Fragilizado por uma sequência de tropeços, Donald Trump retomou na segunda-feira, 3, os ataque a sua adversária Hillary Clinton, que parece ter recuperado o impulso nas pesquisas a cinco semanas das eleições presidenciais americanas.

Em um ato realizado com militares em Herndon, Virgínia, Trump disse que Hillary "deixou nossa nação em perigo" pela forma como lidou com as informações secretas enquanto era secretária de Estado. O discurso de Trump se centrou nos riscos que o país enfrenta em termos de cibersegurança, os quais classificou como "enormes", e deu como exemplo a decisão de Hillary de usar um servidor privado de e-mails ainda como secretária.

Trump aumentou o tom de suas críticas contra Hillary depois de uma semana de dificuldades para sua campanha Foto: REUTERS/Mike Segar

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Para Trump, "a única experiência que Hillary tem com cibersegurança inclui seu sistema criminoso, que violou a lei federal, montando uma enorme operação para encobrir isto e colocando nossa nação em perigo".

O candidato conservador disse que "o alcance de nossos problemas de cibersegurança é enorme. Nosso governo, nossos negócios, nossos segredos comerciais e a informação mais sensível de nossos cidadãos enfrentam ataques constantes por parte de nossos inimigos".

Em mais um golpe para a campanha republicana, o procurador-geral do estado de Nova York pediu na segunda-feira que a Fundação Trump que deixe de pedir doações enquanto não cumprir com as leis tributárias estaduais.

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Uma carta enviada à Fundação Trump pelo procurador-geral Eric Schneiderman afirma que a fundação jamais foi registrada como entidade de obras de caridade e não entregou as declarações financeiras auditadas e requeridas anualmente.

A Fundação Trump "deve imediatamente cessar de solicitar contribuições ou de se comprometer na arrecadação de fundos" no estado de Nova York, e tem 15 dias para entregar os documentos requeridos.

A fundação está sob uma lupa há várias semanas. O jornal The Washington Post indicou no mês passado que Trump a utilizou para pagar multas resultantes de processos judiciais, o que viola as leis fiscais. Também acusou de ter pago, através de sua fundação, 258 mil dólares de indenizações em acordos amigáveis, quando a fundação era utilizada apenas para fins de caridade.

Lealdade questionada. Durante o fim de semana, Trump chegou a questionar a pneumonia que afetou Hillary no mês passado e até a lealdade com seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. "Sequer penso que ela seja leal a Bill, se querem saber a verdade. Pois realmente, por que ela seria?", disse durante um discurso na Pensilvânia.

A nova ofensiva de Trump acontece depois de uma semana extraordinariamente difícil para ele, que se viu envolvido em uma nova polêmica com uma ex-Miss Universo e uma enorme controvérsia por revelações sobre seu imposto de renda.

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O jornal New York Times, no final de semana, reproduziu parte de uma declaração do imposto de renda de Trump de 1995, quando o magnata anunciou a perda de US$ 916 milhões. De acordo com especialistas, a análise desse documento sugere que Trump tenha usado artifícios legais para não pagar impostos durante cerca de 20 anos.

O caso tem todos os elementos para ser uma bomba-relógio na campanha de Trump, que se nega a divulgar suas últimas declarações de imposto de renda - uma tradição entre candidatos à presidência - alegando que são objeto de uma auditoria.

Esse escândalo poderá se tornar o ponto central no próximo debate entre os dois candidatos, que ocorrerá no domingo, 9. O primeiro debate entre Hillary e Trump foi realizado na segunda-feira passada em uma universidade perto de Nova York. O que começou de forma civilizada logo se encaminhou para uma áspera troca de acusações e ironias.

Crescimento nas pesquisas. Nesse contexto, Hillary claramente passou a ter a iniciativa da campanha depois do debate e dos escândalos que mantiveram o comitê de campanha de Trump ocupado para tentar controlar os problemas.

Uma pesquisa da Politico and Morning Consult revelada na segunda-feira mostra que Hillary agora supera Trump por 42% a 36% nas intenções de voto, incluindo outros candidato minoritários, como o libertário Gary Johnson (9%) e a ambientalista Jill Stein (2%). De acordo com esta pesquisa, quando considerados apenas os candidatos principais, a vantagem de Hillary sobre Trump é de 46% a 39%.

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A sondagem, entretanto, volta a revelar o alto nível de rejeição contra os dois candidatos: 58% dos eleitores consultados tem uma imagem ruim de Trump, contra 54% que pensam o mesmo de Hillary. Na sexta-feira, outra pesquisa divulgada pela Fox dava a Hillary uma vantagem de cinco pontos (49% a 44%), mesmo que a contagem diária do Los Angeles Times ainda coloque Trump à frente por 47% a 42%.

Uma pesquisa realizada pela CNN/ORC após o debate e divulgada na segunda-feira mostra resultados parecidos: Hillary tem 47% das intenções de voto contra 42% de Trump entre prováveis eleitores. O aumento da vantagem da democrata é importante porque resulta de um aumento do apoio que recebe de eleitores homens e dos independentes, que na maioria apoiaram Trump até setembro, mas que agora parecem estar se decidindo por Hillary (44% contra 37%).

De acordo com a Politico and Morning Consult, o principal fator de avanço de Hillary está em um maior nível de aceitação entre os eleitores independentes e, em menor medida, entre os eleitores mais jovens. / AFP

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