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Latinos influenciam eleição na Flórida e são trunfo de Hillary contra Trump

Eleitores hispânicos foram colocados no centro da disputa pela Casa Branca após candidato republicano propor construção de um muro na fronteira com o México e prometer deportar 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos EUA

Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia TrevisanEnviada Especial / Jacksonville, EUA 

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Filha de imigrantes de Honduras, a estudante Leticia Castro está entre 1,8 milhão de eleitores latinos da Flórida que são a principal aposta de Hillary Clinton para vencer nesse Estado, crucial para a eleição presidencial dos EUA. Dados preliminares indicam que a participação dos hispânicos está em alta em várias regiões do país, o que é um bom sinal para a candidata democrata.

"Toda a minha família vai votar em Hillary", disse à reportagem Leticia, que participou na quinta-feira de um evento de campanha com o presidente Barack Obama em Jacksonville, na Flórida. "Eu me sinto pessoalmente atacada pelas declarações de Trump em relação aos imigrantes", afirmou a estudante, que nasceu nos EUA.

Eleitores recebem Hillary na Flórida. Foto: Brian Snyder/Reuters

A família de Leticia simboliza a mudança no perfil dos hispânicos da Flórida, que até 2006 tendiam a votar no Partido Republicano em razão da influência dos cubanos que se refugiaram depois da Revolução de 1959. As novas gerações têm uma visão menos conservadora que as dos primeiros exilados e se aproximaram dos democratas.

Além disso, a Flórida viu um crescimento da população de porto-riquenhos, que são cidadãos americanos e costumam votar no partido de Hillary. Atualmente, 27% da população hispânica do Estado tem origem em Porto Rico, enquanto os cubanos e seus descendentes representam 31%.

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Aos 55 anos, o eletricista Alex Rodriguez é um dos filhos de exilados de Cuba que se mantêm fiéis ao Partido Republicano. "Os que vieram de Cuba são mais conservadores e não gostam de uma agenda socialista ou de esquerda", disse Rodriguez, que participou de um comício de Trump em Jacksonville na quinta-feira.

Influência. Os latinos foram colocados no centro da disputa pela Casa Branca com a proposta do republicano Donald Trump de construir um muro na fronteira com o México e deportar 11 milhões de pessoas que vivem ilegalmente no país - a maioria delas com origem na América Latina.

Pesquisa Washington Post/Univision News divulgada na quinta-feira mostrou que 67% dos eleitores latinos pretendem votar em Hillary, uma vantagem de quase 50 pontos porcentuais sobre os 19% de Trump. Entre todos os eleitores, a diferença é de apenas um ponto a favor da democrata, segundo a média das pesquisas recentes calculada pelo RealClearPolitics (48,2% a 47,2%).

Estudo do Pew Research Center diz que 27,3 milhões de hispânicos estarão aptos a votar nessa eleição, número que representa 12% dos potenciais eleitores do país. Dos sete Estados em que a disputa é mais acirrada, latinos representam mais de dois dígitos dos potenciais eleitores em três deles: Arizona (22%), Flórida (18%) e Nevada (17%). Nos três, o grau de participação dos hispânicos no período de votação antecipada está acima do registrado no mesmo momento em 2012 e 2008.

O voto nos EUA não é obrigatório e o grau de participação de cada grupo demográfico acaba sendo crucial para a definição do resultado. Em 2012, apenas 48% dos 23,3 milhões de latinos que podiam votar compareceram às urnas.

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O desafio democrata é convencer os latinos a ir às urnas, o que ganhou mais urgência diante de indícios de que a participação de afro-americanos está abaixo da registrada em 2012. Se não for significativo, o aumento da votação dos hispânicos pode ser neutralizada pela expansão do voto dos brancos, mais simpáticos a Trump.

Os democratas acreditam que o voto hispânico pode ajudá-los a vencer no Arizona, que votou em candidatos republicanos para a presidência nos últimos 64 anos. Hillary e Obama farão campanha em diferentes cidades do Estado.

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