Eleição de Trump abre 'período de incerteza', diz Hollande

Presidente francês faz saudação fria ao novo presidente americano; Theresa May, primeira-ministra da Grã-Bretanha encarregada de retirar seu país da União Europeia, diz que relação bilateral é especial

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Por Redação Internacional
Atualização:

Andrei Netto CORRESPONDENTE / PARIS

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O presidente da França, François Hollande, saudou de forma fria a eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou que a votação abre "um período de incerteza" nas relações internacionais. Em uma declaração austera e dura, o chefe de Estado disse felicitar o americano, "como é usual", garantiu que Paris trabalhará com Washington, mas advertiu para as "incertezas provocadas pela desordem no mundo".

Os líderes políticos da União Europeia (UE) demoraram mais de três horas para começar a congratular na manhã desta quarta-feira, 9, o presidente eleito dos Estados Unidos, pela vitória na eleição de terça-feira. E a receptividade foi fria. François Hollande informou mais cedo que se pronunciaria até o final da manhã, ao fim da reunião do Conselho de Ministros, o encontro ministerial que ocorreu no Palácio do Eliseu.

O presidente francês, François Hollande, parabenizou Trump de forma fria e alertou para momento de incertezas ( Foto: AFP PHOTO / XAVIER LEOTY)

Perto do meio dia (hora local), Hollande tomou a palavra em uma declaração solene. "Eu o felicito, como é usual", afirmou o francês a respeito de Trump, dizendo também pensar em Hillary Clinton, candidata que o socialista apoiava na eleição. Logo a seguir, o chefe de Estado deixou clara sua preocupação com o resultado das urnas. "Essa eleição americana abre um período de incerteza", disse ele, lembrando que "os Estados Unidos constituem um parceiro de primeira importância para a França".

Hollande lembrou as frentes que relações internacionais, mencionando a defesa, a luta contra o terrorismo, a economia e a preservação ambiental como prioritários, temas nos quais espera trabalhar com Donald Trump. "Eu engajarei sem tardar uma discussão com a nova administração americana", afirmou Hollande, ponderando: "Mas eu o farei com vigilância e franqueza".

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Para o francês, a amizade entre os dois povos e os valores comuns ajudarão no diálogo, que será marcado por "independência total". "O novo contexto provocado pela eleição americana exige mais do que nunca que a França seja forte (...) e a Europa, unida, capaz de se expressar e portar seus valores", exortou. Segundo Hollande, lições devem ser "forçosamente tiradas" das urnas americanas.

"Nós devemos enfrentar e levar em conta as incertezas provocadas pela desordem do mundo, em todos os povos, inclusive o americano. Devemos encontrar as respostas, que devem ser capazes de superar o medo", pregou, encerrando a seguir sua declaração: "Mais do que nunca essa eleição nos conduz a assumir nossas responsabilidades, da França e da Europa".

A primeira-ministra da Grã-Bretanha, Theresa May, destacou a relação histórica entre EUA e Reino Unido ( Foto: Stefan Wermuth/Reuters)

Reino Unido. Minutos antes, a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Theresa May, quebrou o silêncio dos líderes europeus e garantiu que os dois países vão trabalhar juntos pela segurança e prosperidade nos próximos anos.

"A Grã-Bretanha e os Estados Unidos têm um relação duradoura e especial com base nos valores de liberdade, democracia e empreendedorismo", afirmou a premiê, que assumiu o cargo em julho com a missão de levar a cabo o "Brexit", a saída de seu país da UE. "Nós somos, e vamos continuar, parceiros fortes e próximos em comércio, segurança e defesa. Eu espero trabalhar com o presidente eleito Donald Trump para construir sobre esses laços para assegurar que a segurança e a prosperidade de nossas nações nos anos que vêm."

Em Berlim, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, também deve realizar uma declaração oficial. Por ora, apenas o vice-chanceler, líder do Partido Social-Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, veio a público, fazendo críticas frontais ao novo presidente americano. "Trump é o pioneiro de um novo movimento autoritário e chauvinista", disparou o número 2 do governo de Merkel. "Esta é uma advertência para nós. Nosso país e a Europa devem mudar se nós quisermos conter este movimento internacional."

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