Novo executivo de campanha de Trump chefiava site de extrema direita nos EUA

Stephen Bannon comandava o Breitbar, plataforma de propaganda usada para ataques contra imigrantes e muçulmanos, que mescla comentários depreciativos sobre mulheres e manifestações de simpatia por supremacistas brancos

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Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia TrevisanCORRESPONDENTE / WASHINGTON

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Escolhido para ser o novo executivo-chefe da campanha de Donald Trump, o empresário Stephen Bannon transformou o site Breitbart em uma plataforma de propaganda da extrema direita americana, no qual ataques a imigrantes e muçulmanos se mesclam com comentários depreciativos em relação às mulheres e manifestações de simpatia por defensores da supremacia branca.

Como Trump, Bannon também mira sua artilharia contra personagens tradicionais do Partido Republicano, acuados pela candidatura insurgente do bilionário. O Breitbart celebra o Tea Party e Sarah Palin, ao mesmo tempo em que despreza Paul Ryan e Mitch McConnell, os dois republicanos de mais elevada patente no Congresso.

Stephen Bannon ex-editor do site Breitbart News ( Foto: Danny Moloshok/AP)

A decisão indica que Trump decidiu reforçar o tom belicoso de sua candidatura, depois da fracassada tentativa de adotar um tom "presidencial". A retórica marcada pela confrontação ajudou o candidato a conquistar os eleitores das primárias, muitos dos quais são ativistas que costumam estar à direita do eleitor médio da legenda.

É a esse grupo que o Breitbart se dirige. Bannon defende que Trump mantenha a agressividade e se apegue às propostas populistas e nacionalistas que garantiram sua vitória na disputa com outros 16 oponentes republicanos. A grande dúvida é se a estratégia funcionará na eleição geral, quando os candidatos precisam conquistar eleitores independentes e moderados.

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Racismo. O Southern Poverty Law Center, que acompanha a ação de grupos de ódio nos EUA, disse que o Breitbart deixou de ser apenas um site conservador para se tornar um defensor de ideias racistas, anti-islâmicas e anti-imigrantes associadas à extrema direita. A mudança ocorreu no último ano e coincidiu com a ascensão da candidatura Trump, que recebeu apoio incondicional do site.

Nesse período, ambos se beneficiaram do tom extremista: enquanto o candidato caminhava para a conquista da candidatura republicana, o Breitbart experimentava um aumento de 124% em sua audiência, para 17 milhões de acessos no início deste ano.

Depois do ataque a um clube gay de Orlando, o colunista Milo Yiannopoulos perguntou: "Que tipo de homem fica tão bravo com a demonstração de afeto, alegria e amor a ponto de escolher matar a tiros pessoas inocentes em uma casa noturna?". A resposta: "Um homem muçulmano". Gay e conservador, Yiannopoulos é um contundente defensor de Trump.

Campanha. Outro colunista afirmou que a imigração de mexicanos para os EUA é estimulada pelo governo vizinho para influenciar a política americana. "O México nos manda colonizadores, não imigrantes", era o título do texto.

Mulheres e a prática do aborto também são alvos preferenciais do Breitbart. Yiannopoulos sugeriu que mulheres deixem de usar a internet caso se considerem vítimas de abuso online.

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Ao lado da propaganda extremista, Bannon também investe em investigações contra seus adversários políticos por meio do Government Accountability Institute. Reportagem da agência de notícias Bloomberg, em outubro, afirmou que a organização constrói acusações rigorosas com base em fatos contra políticos rivais e se associa a grandes veículos para divulgá-las.

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