WASHINGTON - Enquanto líderes ocidentais entram em contato com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para tratar das novas relações, no Oriente Médio o resultado das urnas é visto com incerteza.
A ameaça de banir muçulmanos dos EUA, feita pelo republicano ao longo da campanha, teve grande repercussão na Arábia Saudita e na Jordânia, aliados de Washington. No Irã, a preocupação é com o acordo nuclear fechado com a administração Barack Obama e considerado uma "desgraça" por Trump.
"A política externa de Trump é uma incógnita. Existe um cenário de incertezas que deixará muitos de nossos aliados tensos", afirma o vice-presidente para Novas Iniciativas no Woodrow Wilson Center e ex-conselheiro do Departamento de Estado, Aaron David Miller.
Alguns analistas consideram que o magnata deverá confrontar Teerã na questão nuclear. Outros afirmam que sua "admiração" pelo presidente russo, Vladimir Putin, e sua inexperiência podem levar a um cenário de menos conflito no Oriente Médio, pois o republicano terá de buscar conselhos antes de se posicionar.
Conflito antigo. Outro tema que ganha destaque após a eleição nos EUA é a situação entre Israel e os palestinos. "Creio que meu governo pode ter um papel significativo para ajudar ambas as partes a conseguir uma paz justa e duradoura", disse Trump ontem ao jornal israelense Hayom.
Segundo Trump, "o acordo deve ser negociado entre as partes e não imposto por outros". A França promove atualmente um plano para convocar uma conferência internacional que revitalize o processo de paz, mas Israel diz que não participará por considerar que as negociações devem ser bilaterais. A Rússia também se ofereceu para conduzir negociações, mas sem sucesso.
Os palestinos querem que haja participação internacional porque afirma que Israel ignora acordos passados. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, reuniu-se ontem com o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, e classificou a vitória de Trump como um "assunto americano". /AFP e WASHIGNTON POST