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Para conquistar voto latino, Trump ameniza discurso contra imigrantes

Após meses defendendo expulsão sumária de imigrantes ilegais, candidato republicano adota posição menos radical e propõe medidas ‘justas, mas firmes’ para lidar com o problema

Por Redação Internacional
Atualização:

O candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que apresentará uma proposta "justa, mas firme" para resolver a situação dos 11 milhões de imigrantes que vivem no país de maneira ilegal, o que foi interpretado como uma suavização de sua defesa de deportação dos que estão no país sem documentos.

A campanha do candidato enviou sinais nos últimos três dias de que poderá adotar uma posição mais conciliadora em relação aos imigrantes e abandonar a proposta de expulsar os que entraram nos EUA de maneira ilegal. Em entrevista concedida nesta terça-feira, a nova diretora da campanha de Trump, Kellyanne Conway, afirmou que a deportação nunca fez parte do programa do candidato.

Trump se reúne com ex-agentes da polícia de Ohio Foto: AP Photo/Gerald Herbert

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"O que Donald Trump diz é que nós precisamos de uma maneira justa e efetiva de lidar com 11 milhões de pessoas que estão aqui e vivem entre nós, ao mesmo tempo em que protegemos empregos e trabalhadores americanos", disse Kellyanne em entrevista à CNBC. "Mas ele está dizendo que a imigração é um tema muito complexo, com uma solução complexa."

O candidato lançou sua candidatura há 14 meses com um discurso no qual afirmou que imigrantes mexicanos eram estupradores e traficantes. Trump passou a defender a construção de um muro na fronteira com o México, a ser paga pelo país vizinho. "Construa o muro" se tornou uma das principais palavras de ordem repetidas em seus comícios.

Apesar da posição central que a questão da imigração ocupa em sua campanha, o bilionário não apresentou até agora um programa detalhado de como implementará suas propostas. Sua campanha chegou a anunciar que ele faria um discurso sobre o assunto na quinta-feira, no Estado do Colorado, mas o pronunciamento foi cancelado.

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O senador Jeff Sessions, um de seus principais apoiadores, disse no fim de semana que Trump ainda estava "se debatendo" com os detalhes da proposta de deportar 11 milhões de imigrantes sem documentos - algo considerado impraticável por razões logísticas, legais e econômicas.

Em novembro, Trump anunciou que criaria uma força-tarefa para cuidar das deportações de imigrantes ilegais. Questionado em entrevista à CNN, no domingo, se o candidato mantinha sua posição, Kellyanne Conway disse que a questão ainda "estava em aberto".

Nesta segunda-feira, Trump afirmou em entrevista à Fox News que sua visão continua a mesma. "Nós temos de ser muito firmes. Nós temos de ser muito, muito fortes quando as pessoas vêm para cá ilegalmente", afirmou. "Nós temos muitas pessoas que querem vir pelos canais legais e não é justo com eles. Nós estamos trabalhando com muitas pessoas na comunidade hispânica para tentar apresentar uma resposta", afirmou.

No sábado, o bilionário se reuniu com um novo grupo de conselheiros hispânicos e, segundo reportagem do BuzzFeed, manifestou disposição de enfrentar a situação dos imigrantes indocumentados de maneira "humana e eficiente".

Uma posição menos extrema também ajudaria Trump a conquistar eleitores moderados do Partido Republicano, desconfortáveis com o tom xenófobo de sua campanha. Desde a convenção da legenda que oficializou sua candidatura, em julho, o bilionário vem perdendo terreno nas pesquisas eleitorais. A rejeição a seu nome aumentou entre eleitores brancos com educação superior. Trump também encontra resistência entre mulheres e minorias.

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