Parceria Trans-Pacífico 'não faz sentido sem EUA', diz governo do Japão

Declarações foram feitas após Donald Trump divulgar comunicado anunciando que retirará Washington do pacto comercial; China apoia uma maior integração econômica na região Ásia-Pacífico

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Por Redação Internacional
Atualização:

TÓQUIO - O governo do Japão considerou nesta terça-feira, 21, que a Parceria Trans-Pacífico (TPP) "não faz sentido sem os EUA", depois que o presidente americano eleito recentemente, Donald Trump, anunciou que irá retirar o país da aliança comercial.

"O TPP não faz sentido sem os EUA. O equilíbrio fundamental de vantagens (comerciais) viria abaixo e renegociá-lo da mesma maneira seria impossível", disse em entrevista coletiva o ministro do Executivo japonês, Yoshihide Suga, de acordo com a agência de notícias Kyodo.

Presidente eleito nos EUA, Donald Trump ( Foto: AP Photo/Carolyn Kaster)

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As declarações de Suga foram feitas depois de Trump ter divulgado um comunicado em vídeo na segunda-feira anunciando medidas para os primeiros 100 dias de seu futuro mandato, entre elas "uma carta de intenções" para retirar os EUA do pacto comercial multilateral.

A TPP busca a eliminação da maior parte das tarifas entre 12 países - Japão, Brunei, Malásia, Cingapura, Vietnã, Austrália, Nova Zelândia, EUA, Canadá, México, Peru e Chile. Cada Estado deve ratificar independentemente a TPP para que possa entrar em vigor, embora o anúncio de Trump, que já havia prometido em campanha que tiraria seu país do acordo, torne difícil que este se torne em realidade.

A fala do porta-voz japonês reafirma o posicionamento do governo japonês perante a possibilidade, proposta então pelo México, de continuar com o tratado sem a presença americana. O Japão se tornou no dia 10 o primeiro país signatário a dar sinal verde ao tratado depois que a Câmara Baixa (Câmara dos Deputados) o ratificou.

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O governo do primeiro-ministro Shinzo Abe depositou grandes esperanças no pacto, que considera um importante incentivo para aprovar reformas estruturais pendentes dentro de seu programa de reforma econômica, o Abenomics.

China. O governo chinês mostrou apoio a uma maior integração econômica na região Ásia-Pacífico, após o anúncio de Trump. "Estamos abertos a todos os acordos que são positivos para a integração, a facilitação do comércio e a paz e a prosperidade na Ásia-Pacífico", disse Geng Suang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em entrevista coletiva em Pequim.

O porta-voz lembrou que, na recente cúpula de Lima do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), os líderes desse grupo concordaram em "aprofundar a integração econômica e se opor ao protecionismo comercial", uma mensagem que qualificou como "positiva para o desenvolvimento econômico".

A China, acrescentou Suang, contribuiu para as negociações do Apec que resultaram nessa declaração, na qual foram defendidos também os acordos de livre-comércio na Ásia-Pacífico.

Geng reivindicou que os futuros tratados evitem a fragmentação, em referência à exclusão da China da TPP, e pediu que cumpram com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e ajudem a manter o vigente sistema comercial multilateral.

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"Esperamos que todos os acordos sejam reforçados entre eles, ao invés de se debilitar. Deveríamos evitar a fragmentação dos acordos de livre-comércio ou sua politização", insistiu. / EFE

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