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'Que haja uma corrida armamentista', diz Trump em entrevista

Especialistas em não-proliferação de armas nucleares estão preocupados e alegam que um reforço no arsenal americano poderia alimentar tensões globais

Por Redação Internacional
Atualização:

WEST PALM BEACH, EUA - Temores de que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, pode abandonar as políticas de redução dos arsenais nucleares adotadas desde o governo de Richard Nixon aumentaram nesta sexta-feira, 23, após o republicano ter defendido suas declarações anteriores sobre "expandir" a capacidade atômica.

"Que haja uma corrida armamentista", afirmou o futuro ocupante da Casa Branca à jornalista Mika Brzezinski, da MSNBC, durante uma entrevista feita paralelamente a uma gravação do programa "Morning Joe". Os EUA, disse o presidente eleito, devem ter o poder de "superar" seus adversários.

Presidente eleitos dos EUA, Donald Trump, faz comício de agradecimento em Des Moines ( Foto: REUTERS/Shannon Stapleton)

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O futuro porta-voz do governo americano indicado por Trump, Sean Spicer, reforçou a ideia de que o republicano pretende manter a retórica agressiva sobre armas atômicas. "Há países no mundo neste momento que falam de aumentar sua capacidade nuclear. Os Estados Unidos não ficarão sentados deixando que isso aconteça sem agir da mesma forma."

Ações de empresas produtoras de urânio e tecnologia em combustível nuclear subiram após os comentários de Trump.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu às declarações de Trump afirmando que a Rússia "nunca iniciou nem iniciará uma corrida armamentista". Em uma entrevista coletiva, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que as declarações de Trump sobre expansão e fortalecimento do arsenal americano não o surpreenderam.

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"Não há nada de novo sobre o assunto. Durante a campanha eleitoral, ele disse que os EUA precisam incrementar sua capacidade nuclear e suas Forças Armadas de forma geral", minimizou o líder russo, que na quinta-feira fez declarações semelhantes às de Trump, afirmando que a Rússia deveria fortalecer a defesa nuclear. Putin também afirmou que a Rússia tem Forças Armadas "mais fortes que qualquer agressor em potencial".

O republicano divulgou nesta sexta-feira uma carta enviada a ele neste mês pelo líder russo. A mensagem diz que o Kremlin buscará manter com o novo governo americano a cooperação bilateral e buscará um "novo patamar" nas relações diplomáticas entre os dois países.

"Espero que... sejamos capazes - ao agirmos de maneira pragmática e construtiva - de dar passos reais para restaurar a estrutura da cooperação bilateral em diferentes áreas, assim como levar nosso patamar de colaboração no cenário internacional qualitativamente para um novo nível", escreveu Putin na carta datada de 15 de dezembro, segundo a equipe de transição de Trump.

Em comunicado que acompanhou a divulgação da carta, o presidente eleito americano esperar que Estados Unidos e Rússia "vivam de acordo com esses pensamentos" em vez de "terem de trilhar um caminho alternativo". / AFP, NYT e REUTERS

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