Republicanos contra Trump pedem recursos concentrados em legislativas

Temendo ‘vitória arrasadora’ adversária, grupo influente pede que foco da legenda se volte para manter as maiorias na Câmara e no Senado nas eleições de novembro; Hillary divulga sua declaração de renda e pressiona magnata a fazer o mesmo

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Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - Em novo movimento contrário a Donald Trump, republicanos influentes pediram nesta sexta-feira, 12, que o partido pare de gastar dinheiro com a campanha presidencial e passe a destiná-lo à disputa legislativa. A pressão dentro e fora do Partido Republicano elevou-se hoje contra a candidatura do magnata, que está convicto de que sua campanha segue no rumo certo, apesar da estagnação nas pesquisas.

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Do lado democrata, sua adversária Hillary Clinton divulgou hoje a declaração de renda de 2015, em um esforço para pressionar o bilionário a fazer o mesmo. Hillary e Bill Clinton receberam US$ 10,6 milhões no ano passado, de acordo com os documentos divulgados pela campanha democrata. Os Clintons pagaram 34,2% em impostos federais. A maior parte de sua renda - US$ 6 milhões - veio de palestras e aparições dela antes de lançar sua candidatura, em abril de 2015.

Candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump ( Foto: REUTERS/Carlo Allegri)

A divulgação é parte de um esforço para desgastar a imagem de Trump, questionando os registros de empresário de sucesso. Trump tem se recusado a divulgar sua declaração - uma prática comum entre todos os candidatos presidenciais americanos da era moderna. Ele argumenta que ela está sob uma auditoria da Receita Federal e a divulgará assim que for concluída.

Enquanto isso, o movimento anti-Trump cresce cada vez mais dentro do Partido Republicano. Hoje, 70 importantes nomes pediram à legenda, em carta, o corte do financiamento para a campanha presidencial, exigindo que os esforços se concentrem na manutenção das maiorias no Senado e na Câmara dos Deputados.

O documento, que será divulgado semana que vem, afirma que a figura de Trump "ameaça" transformar as eleições de novembro em uma "vitória arrasadora" dos democratas.

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"Apenas uma mudança imediata de todos os recursos disponíveis do Comitê Nacional Republicano (RNC) aos postos vulneráveis do Senado e da Câmara dos Deputados evitarão que o partido se afogue com a âncora de Trump em volta do pescoço", alertam na carta, de acordo com veículos de imprensa locais que tiveram acesso ao manifesto.

Entre os signatários há cerca de 20 de ex-dirigentes do partido, como os ex-congressistas Chris Shays, Tom Coleman e Vin Weber, além do ex-senador Gordon Humphrey.

Alguns deles, como Shays, já anunciaram voto para a democrata Hillary. "Esse (corte do financiamento) não deveria ser uma decisão difícil já que as possibilidades de Trump terminar eleito se evaporam a cada dia que passa", conclui a carta.

Um dos signatários, Andrew Weinstein, da Flórida, afirmou ao portal Politico que o documento surge de "gente preocupada em proteger as maiorias do partido no Senado e na Câmara", mas não representa "apoio a ninguém", em referência a Hillary.

A carta vem em um momento de crescente oposição dentro do partido contra o excêntrico empresário nova-iorquino, que levou importantes líderes republicanos e retirar o apoio a ele, como o recente e significativo caso da senadora Susan Collins. Hoje, a cúpula do RNC e a campanha de Trump se reuniram em Orlando (Flórida).

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Mesmo assim, conselheiros da campanha do magnata expressaram confiança em sua estratégia e questionaram, segundo reportagem do New York Times, se as pesquisas estariam realmente refletindo todo o apoio que Trump tem recebido.

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A reportagem do Times afirma que nas últimas duas semanas, em vez de atrair uma leva de novos admiradores, Trump tem perdido apoio entre partidários leais, independentes anti-establishment e democratas avessos a Hillary. O jornal tem como base 30 entrevistas com diversos setores de eleitores nos Estados que considera as principais disputas de novembro: Flórida, New Hampshire, Ohio e Pensilvânia.

Segundo o jornal, no mês passado, Trump disse que passaria de 50% de apoio nesses Estados após a convenção, o que não ocorreu.

Enquanto alguns assessores e conselheiros de Trump afirmam que ele perdeu apoio nos grupos das minorias e mulheres, outros disseram que ainda há espaço para crescer entre os eleitores que votarão pela primeira vez, homens brancos e independentes. Para eles, esses grupos só passarão a prestar atenção nas eleições após os debates, em setembro. / NYT, REUTERS, AP, EFE e AFP

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