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Reunião entre Trump e Abe deve representar força contra influência da China na Ásia

Premiê japonês se encontrará na quinta-feira com presidente americano eleito; segundo assessor, republicano tenta fazer com que Japão ‘tenha um papel mais ativo’ no continente

Por Redação Internacional
Atualização:

TÓQUIO - O encontro na semana que vem entre o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pode marcar o início de diálogos para obter apoio do Japão contra a crescente influência da China na Ásia, disse um assessor de segurança do republicano.

Comentários da campanha de Trump, incluindo uma demanda para que o Japão pague mais para manter forças americanas em seu território, causaram preocupações em Tóquio de que haveria problemas na aliança de segurança com Washington, base de sua defesa desde a 2ª Guerra, perante uma China crescente e uma volátil Coreia do Norte.

Eleição de Trump foi destaque dos jornais japoneses; premiê Shinzo Abe e republicano se encontrarão na próxima semana ( Foto: AFP PHOTO / TORU YAMANAKA)

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Uma postura mais forte contra os chineses, no entanto, e um pedido para que o Japão tenha um papel de segurança maior por meio de um eixo Trump-Abe, iria de encontro às políticas mais agressivas do premiê japonês, incluindo a permissão para que o Exército opere com maior liberdade no exterior.

Abe se encontrará com Trump em Nova York na quinta-feira, antes de seguir para a cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, no Peru. O republicano busca fazer com que o Japão "tenha um papel mais ativo na Ásia", disse seu assessor, que não quis se identificar pois não tinha autorização para falar com a imprensa. Abe, segundo o assessor, é "uma figura numa posição única para oferecer liderança na aliança".

Mudanças climáticas. A eleição de Trump, que não acredita em mudanças climáticas, deve acabar com a liderança americana na luta internacional contra o aquecimento global e pode levar ao surgimento de um novo e improvável líder: a China.

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Os chineses trabalharam de perto com a administração do presidente Barack Obama para ganhar impulso antes do Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas. A parceria dos dois maiores emissores de gases causadores do efeito estufa fez com que quase 200 países apoiassem o pacto no histórico encontro na capital francesa.

Em comparação, Trump qualificou o aquecimento global de farsa criada pela China para ganhar vantagem econômica e disse que planeja retirar os EUA do histórico acordo climático, assim como reverter diversas medidas de Obama para combate das alterações climáticas.

Ele nomeou o conhecido cético sobre mudanças climáticas Myron Ebell para ajudar a liderar o plano de transição para a Agência de Proteção Ambiental, que criou as maiores regulamentações ambientais da administração, como o Plano de Energia Limpa e padrões de eficiência para carros e caminhões.

"Assumir ações proativamente contra as mudanças climáticas vai melhorar a imagem internacional da China e permitir que o país ocupe patamares morais mais altos", disse o vice-diretor do Centro Nacional de Estratégia para Mudanças Climáticas e negociador sênior chinês sobre mudanças climáticas, Zou Ji.

Ele disse que caso Trump abandone os esforços de implementação do acordo de Paris, "a influência e voz da China devem aumentar na governança global sobre o clima, o que então irá se espalhar para outras áreas da governança global e aumentar a presença, poder e liderança global da China".

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O Acordo de Paris busca eliminar gradualmente as emissões de gases causadores do efeito de estufa até a segunda metade do século e limitar o aquecimento global para "bem abaixo" de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Cada país precisa implementar planos nacionais para reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa. / REUTERS

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