Reviravolta põe em discussão papel de institutos e cobertura

A mídia falhou e não só por problemas com as pesquisas, mas por não enxergar a indignação de parte do eleitorado

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Por Redação Internacional
Atualização:

Jim RutenbergTHE NEW YORK TIMES

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Toda a impressionante tecnologia, os dados em massa e os sofisticados modelos que as redações americanas trazem para o empreendimento fundamentalmente humano da política presidencial foram insuficientes para evitar que o jornalismo americano estivesse novamente atrasado em relação à notícia e ao restante do país.

A mídia jornalística falhou em observar aquilo que acontecia ao seu redor. Os números foram péssimo indício do que ocorreria na noite da eleição, chegando até a nos afastar da realidade. Ninguém previu uma impressionante e surpreendente vitória de Donald Trump diante de Hillary Clinton na briga pela presidência.

A republicano Donald Trump será o 45º presidente dos EUA (FOTO: AFP PHOTO / Timothy A. CLARY) 

O engano na noite de terça-feira não foi apenas fruto de problemas nas pesquisas de opinião. Foi também reflexo da incapacidade de enxergar a raiva sentida por grande parte do eleitorado americano que se sente abandonada, traída por acordos comerciais vistos como uma ameaça a seus empregos e desrespeitados pelo establishment formado por Washington, Wall Street e os maiores veículos jornalísticos.

Os jornalistas não questionaram os dados das pesquisas quando estes confirmaram sua impressão de que Trump jamais conseguiria vencer. Retrataram os eleitores de Trump como alienados da realidade. Faz poucos meses que boa parte da mídia europeia fracassou em enxergar a intenção britânica de deixar a União Europeia. Eleição de 2016, és irmã do Brexit.

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O dia da eleição foi precedido por mais de um mês de declarações apontando que a disputa estaria essencialmente encerrada. E essa avaliação persistiu após as notícias do fim de outubro, quando soube-se que o FBI estava analisando outro conjunto de e-mails ligados ao servidor particular de Hillary.

A vitória de Hillary seria "substancial, mas não arrebatadora", publicou o Huffington Post, depois de garantir aos leitores que ela "estava garantida". Não foi uma análise muito distante da projeção feita pelo Upshot, do New York Times, ainda no final da tarde de terça-feira, com 84% de probabilidade de vitória para Hillary.

Então ocorreu uma virada, com as grandes organizações da mídia correndo para alcançar o ônibus que tinha acabado de atropelá-las. Às 22h30, a projeção do Upshot tinha se invertido, indicando 93% de chance de uma vitória de Trump.

Outros sites importantes também alternaram de uma provável vitória de Hillary para uma provável vitória de Trump.

Independentemente do resultado, ficou claro que as pesquisas de opinião e as projeções subestimaram a força do eleitorado de Trump, e do movimento construído por ele, que desafiou todas as previsões e expectativas desde o anúncio de sua candidatura no ano passado.

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