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Seguidoras de Trump ignoram escândalo por declarações ofensivas às mulheres

As seguidoras do republicano parecem alheias à gravidade dos escândalos que cercam o candidato republicano à presidência, assim como as deserções que ocorrem em campanha de figuras e legisladores de seu partido

Por Redação Internacional
Atualização:

Comentários lascivos sobre as mulheres? É só papo de vestiário. Acusar o ex-presidente Bill Clinton de abuso sexual? Ele precisou fazer isso. Queda nas pesquisas? Os institutos de pesquisa mentem.

As seguidoras de Donald Trump parecem alheias à gravidade dos escândalos que cercam o candidato republicano à presidência, assim como as deserções que ocorrem em campanha de figuras e legisladores de seu partido. E se mostram mais apaixonadas do que nunca para votar no magnata do setor imobiliário.

Eleitoras vibram no comício de Trump em Wilkes-Barre, Pensilvânia. Foto: Jessica Kourkounis/AFP

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Os eleitores indecisos podem rejeitar Trump, o Grand Old Party (GOP, Partido Republicano) pode ter abandonado toda esperança de vencer a eleição do dia 8, mas há poucos sinais de que os seguidores do ex-astro dos reality shows estejam desertando.

"Trump! Trump!, vocifera uma multidão enquanto espera o candidato em seu primeiro comício desde que explodiu o escândalo da divulgação de uma gravação de 2005 na qual se gaba de utilizar sua condição de celebridade para abusar sexualmente das mulheres.

Seus seguidores se dirigiram à arena de Wilkes-Barre, um ex-povoado minerador governado por um prefeito democrata no Estado-chave da Pensilvânia.

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Hillary Clinton acumula uma vantagem de 9,4 pontos porcentuais neste Estado, de acordo com uma média das pesquisas do RealClearPolitics.

"Posso estar mancando na linha de chegada, mas vamos cruzar a meta", disse Trump na segunda-feira depois de receber boas-vindas dignas de um astro do rock de seus defensores incondicionais, embora o recinto, com capacidade para 10 mil, não estivesse lotado.

Em Hollywood, na Califórnia, eleitoras usaram cartazes para demonstrar apoio ao republicano. Foto: Frederic J. Brown/AFP

Seguidores que faziam fila - alguns esperaram até sete horas para entrar - estimaram que a gravação de 2005 na qual Trump faz suas declarações escandalosas sobre as mulheres mostra apenas que tem a aspereza necessária para olhar fixamente nos olhos de homens como o russo Vladimir Putin.

"Não significa nada para mim", disse Lynae Kuntz, que há 30 anos trabalha no setor de saúde. Ela considerou que o democrata Bill Clinton foi um bom presidente e tolerou suas infidelidades, assim como também tolera as de Trump. "Isso não tem nada a ver com a presidência", afirmou. "O que quer que tenha feito, não gosto de julgar as pessoas, só quero alguém que faça com que as coisas melhorem para nós", disse.

Os democratas e os indecisos não estão de acordo. Uma pesquisa recente da NBC-The Wall Street Journal mostra Hillary Clinton com uma vantagem de dois dígitos, enquanto 41% dos eleitores consideram os comentários de Trump "completamente inaceitáveis".

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Uma pesquisa recente da Universidade de Quinnipiac revelou que as mulheres apoiam Hillary por uma margem de 53% contra 33%. E, embora Trump tenha um bom desempenho entre a população operária branca, havia entre a multidão um bom número de mulheres profissionais de classe média.

Sua atratividade como outsider político, suas promessas de criar postos de trabalho e colocar fim à imigração ilegal, assim como a forma como desafia a correção política, atraíram milhões de americanos fartos dos políticos de carreira.

Frequentemente ignoram ou desculpam seus insultos - contra as mulheres, os mexicanos, os muçulmanos e os deficientes - no âmbito da agressiva campanha que polarizou o país.

"Estamos realmente excitados", disse Kim Herron, de 44 anos, de Wyoming, Pensilvânia, que trabalha em marketing, enquanto estava na fila com o namorado.

Disse que admirou o desempenho de Trump no debate, e destacou como ponto alto quando afirmou que enviaria Hillary à prisão. Minimizou suas declarações lascivas sobre as mulheres como "provavelmente nada que uma mulher ou um homem não tenha dito".

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Defendeu seus ataques contra Bill Clinton - a quem Trump acusou de ser "abusivo" com as mulheres - como justos, considerando que pode voltar a ocupar a Casa Branca como primeiro-cavalheiro, algo que "não seria bom".

 

Eleitora do magnata assiste ao segundo debate presidencial em Denver, Colorado. Foto? Jason Connolly/AFP Foto: Estadão

Bev Rose, uma dona de casa que no ano passado se mudou à Pensilvânia com seu marido depois de permanecer por 13 anos na Grã-Bretanha, disse que nada poderia dissuadi-la de votar em Trump.

E embora tenha estimado que o magnata apresentou bons pontos no debate de domingo, se preocupa com a possibilidade de que não vença as eleições em menos de um mês.

"Qualquer outra pessoa que tivesse cometido apenas uma parte de tudo o que ela (Hillary Clinton) fez estaria presa agora mesmo, e ela se lança à Casa Branca", algo que "nunca deveria ter sido permitido", lamentou Rose.

Neil, seu marido britânico, um engenheiro aposentado, considerou que Trump redefiniu o republicanismo. "O GOP parece estar fora de linha", considerou apenas algumas horas após o titular da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, dizer que não podia defender Trump.

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"Olhe as pessoas aqui hoje, é uma corrente tão popular", considerou enquanto apontava a enorme fila. "Estou fortemente impressionado, é chocante". / AFP

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