Três perguntas sobre a eleição de Trump

Carlos Gustavo Poggio Teixeira, professor de Relações Internacionais da PUC e da FAAP, explica por que as pesquisas não previram a vitória do republicano e o que ele deve conseguir cumprir das promessas de campanha

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Por Redação Internacional
Atualização:

1 - Por que as pesquisas erraram?

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Os analistas envolvidos nas pesquisas ou precisam rever os métodos ou voltar a estudar. De fato, alguma coisa mudou e os nossos modelos, tanto estatísticos quanto de análise, não captaram. O que houve foi uma diferença em termos de entusiasmo dos eleitores. Trump mobilizou uma base muito forte e garantiu a eleição a partir da energização dessa base, que foi em peso votar para ele. O mesmo não aconteceu com Hillary, que em diversos recortes de classes e cor teve um desempenho pior que o de Barack Obama.

Curioso que Trump teve um desempenho entre latinos similar ao de Mitt Romney em 2012, parece até que um pouco melhor. Creio que esses modelos tiveram dificuldade de captar o entusiasmo dos eleitores, isso é um problema. Talvez os eleitores da Hillary não tenham se sentido entusiasmado o suficiente e ficaram em casa. De fato, ainda é cedo. O resultado dessas eleições vai demandar uma reavaliação de todos os modelos. A teoria tradicional que nos diz que os partidos tendem a apelar para eleitor do centro, chamado de eleitor médio, não está tendo mais validade em um cenário de crescente polarização.

Eleitores de Trump acompanham apuração na Times Square, em Nova York ( Foto: EFE/ALBA VIGARAY)

2 - O que explica essa energização?

Alguns analistas apontam uma certa fadiga com o politicamente correto, tirando do silêncio aqueles que sempre pensaram dessa forma. O que precisava era alguém que falasse dessa forma, liberando essas energias que até então não faziam parte do discurso político civilizado.

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3 - Com propostas polêmicas, Trump conseguirá executar tudo que prometeu?

Inevitavelmente, terá de recuar nas propostas mais ousadas, particularmente em questões de política doméstica, onde ele tem constrangimentos institucionais e políticos. Ele era candidato e agora é presidente eleito. Tem uma série de constrangimentos que impedem várias  medidas planejadas. Governar um país é um sistema bem diferente de governar uma empresa, onde você é presidente e tem lá o seu nome na porta, onde você pode ser personalista. O fato importante é que ele nunca teve essa experiência política, tem zero experiência de gerenciamento do ponto de vista político. Vamos ver como isso vai se sair. / MARCO ANTONIO CARVALHO

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