Trump ainda busca seu chefe da diplomacia

Presidente eleito dos Estados Unidos e sua equipe continuam divididos entre nomes como Mitt Romney, o ex-diretor da CIA David Petraeus e o senador Bob Corker

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Por Redação Internacional
Atualização:

NOVA YORK - Donald Trump ainda busca o chefe da sua diplomacia, e sua equipe se encontra dividida entre o peso pesado republicano Mitt Romney, o ex-diretor da CIA David Petraeus e o senador Bob Corker. Terceiro cargo mais importante do Estado, voz e rosto dos Estados Unidos no mundo, o posto de secretário de Estado é objeto de disputa para substituir o ex-senador democrata John Kerry.

O departamento de Estado é uma formidável máquina de 70 mil pessoas que compõem diversos setores da diplomacia americana. O presidente eleito jantou na terça-feira, 29, em um dos restaurantes mais elegantes de Nova York com Mitt Romney, um antigo rival que se tornou o potencial favorito para assumir o comando da diplomacia dos Estados Unidos.

Trump e Romney jantam em Nova York na noite de terça-feira; presidente eleito ainda não escolheu quem comandará a diplomacia do país (Drew Angerer/Getty Images/AFP) 

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A escolha do restaurante Jean-Georges, perto do Central Park e comandado pelo famoso chef francês Jean-Georges Vongerichten, um local muito popular entre a alta sociedade de Nova York, foi o indício mais claro até o momento de que Trump pode escolher Romney como secretário de Estado.

Depois do jantar, Romney reservou elogios para Trump que contrastaram com suas críticas durante a campanha. Ele disse que ficou "impressionado" com o discurso da vitória do presidente eleito e com os preparativos para assumir o governo, antes de afirmar que teve um "jantar maravilhoso".

Romney, ex-candidato presidencial republicano, mantém sua influência no partido, apesar de ter classificado o agora presidente eleito de "charlatão" e "fraude" durante a campanha. Sua eventual nomeação para o Departamento de Estado ajudaria a unificar o partido republicano em torno de Trump, mas aliados mais próximos ao presidente eleito o consideram uma figura muito ligada ao 'establishment' político.

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Na última semana, em meio a uma verdadeira avalanche de rumores, se consolidaram os três nomes considerados os favoritos, embora não se possa descartar o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani. Petraeus é o mais celebrado general de sua geração, um ex-diretor da CIA e ex-comandante das forças americanas no Iraque e no Afeganistão, embora tenha caído em desgraça em 2012 por um caso extramatrimonial.

Na Torre Trump de Nova York, Petraeus manteve na segunda-feira uma reunião de uma hora com o presidente eleito. Depois do encontro, Trump usou a rede Twitter para dizer que havia ficado "muito impressionado" com o general. Aos 64 anos de idade, é claramente o que tem os mais profundos conhecimentos de política internacional de todos os nomes considerados para o cargo. Sua reputação é tão sólida que no auge de sua trajetória, em 2011, chegou a ser considerado um potencial candidato presidencial.

De adversário a aliado. No entanto, um romance com uma jornalista a quem mostrou uma documentação secreta provocou sua queda. Em 2015, admitiu sua culpa pela forma como manteve o material sigiloso, e foi punido com dois anos em liberdade condicional.

O escândalo poderá ser um ser um sério obstáculo para a eventual aprovação de Petraeus no Senado. Os republicanos acusam a ex-candidata presidencial democrata Hillary Clinton de ser irresponsável com a documentação secreta, o que tornaria o apoio a Petraeus uma contradição.

Na terça-feira, dois influentes senadores republicanos, Lindsey Graham e John McCain apoiaram abertamente a escolha de Petraeus, e até a senadora democrata Dianne Feinstein expressou seu "mais profundo respeito".

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No entanto, Jason Miller, porta-voz de Trump nesta fase de transição, disse que é "um pouco prematuro" considerar a nomeação de Petraeus um fato consumado.

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Bob Corker, presidente da comissão das Relações Exteriores no Senado, também se reuniu nesta terça-feira com Trump. "É uma decisão que (Trump) deve tomar. Precisa escolher alguém com quem se sinta confortável em trabalhar e deve estar seguro de que não há diferenças", disse Corker ao deixar a reunião.

Enquanto isso, em Washington, o atual secretário de Estado, John Kerry, previu que haverá um "intenso debate" sobre as novas orientações na política externa. "Posso assegurar-lhes que vamos ter um intenso debate nos próximos anos e posso prometer-lhes isto: não vou embora descansar tranquilamente", disse Kerry em um discurso diante de uma organização de mulheres pertencentes ao corpo diplomático. / AFP

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