Trump destaca 'sintonia' com Peña Nieto após polêmico discurso

Candidato republicano à Casa Branca afirmou que ele e o presidente do México concordaram em vários assuntos discutidos durante encontro na capital mexicana na quarta-feira; no Twitter, no entanto, os dois discutiram sobre a polêmica proposta do magnata de construir um muro na fronteira dos dois países

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Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, destacou na quinta-feira, 1º, sua "sintonia" em vários assuntos com o presidente do México, Enrique Peña Nieto, e assegurou que está "suavizando" sua postura em imigração, um dia após dar um polêmico discurso que lhe custou o apoio de vários latinos.

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Trump mencionou seu encontro na quarta-feira com Peña Nieto durante dois atos de campanha em Ohio, embora também tenha reiterado que "o México pagará pelo muro" que ele planeja construir na fronteira comum. "Ontem tive um grande encontro com o presidente do México, no qual ambos expressamos nosso desejo partilhado - e, de verdade, é partilhado - de reforçar a segurança na fronteira, acabar com o negócio dos cartéis e manter os empregos em nosso continente", disse Trump em Wilmington.

Enrique Peña Nieto e Donald Trump dão entrevista juntos; líder mexicano foi criticado por não enfatizar publicamente sua oposição às propostas do republicano ( Foto: EFE/JORGE NUÑEZ)

Mas, como ocorre em quase todos seus comícios, o público começou a gritar seu lema habitual, "Construa esse muro!", e Trump se desviou de seu discurso preparado para apaziguá-los: "Não se preocupem. Vamos construir esse muro. Alçaremos esse muro. O México vai pagar pelo muro".

A promessa de Trump protagonizou sua visita desta quarta-feira ao México, especialmente devido ao fato de que, no discurso que deu horas depois, o candidato republicano garantiu que o governo mexicano "ainda não sabe, mas vai pagar" pelo muro.

Peña Nieto demonstrou na quinta-feira sua irritação por essa mensagem ao dirigir-se ao magnata no Twitter: "Repito o que lhe disse pessoalmente, senhor Trump: O México jamais pagaria por um muro".

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Apesar dessa tensão, Trump elogiou hoje o presidente mexicano e afirmou que, durante seu "maravilhoso" encontro, lhe expressou seu "profundo respeito pelo povo de seu país e pelas fantásticas contribuições dos mexicanos-americanos" nos EUA.

"Quero agradecer de novo (a Peña Nieto) por sua cortês hospitalidade e expressar minha convicção que podemos trabalhar juntos para conseguir grandes coisas para ambos países", declarou Trump perante a conferência anual da maior organização de veteranos do país, a Legião Americana, em Cincinatti.

"Um México mais próspero significa menos cruzamentos ilegais na fronteira e um melhor mercado para os produtos feitos nos Estados Unidos", argumentou o magnata, que disse estar de acordo com Peña Nieto "na necessidade de deter o fluxo ilegal de armas, drogas, dinheiro e pessoas através da fronteira".

O discurso de Trump decepcionou muitos que esperavam uma moderação de sua política migratória, especialmente após sua visita ao México, apesar de o magnata defendeu que está se "suavizando" nesse âmbito. "Faremos as coisas de forma muito humana, e vamos ver o que fazemos com as pessoas que estão no país (sem documentos). Obviamente quero que saiam os membros de grupos criminosos, os que traficam ou movimentam drogas. Temos muita gente neste país que não podemos ter, e essa gente nós expulsaremos", comentou o magnata.

"E depois tomaremos uma decisão mais adiante, uma vez que tudo se estabilize. Acredito que vocês vão ver que realmente há bastante suavização (na postura migratória)", disse Trump em entrevista à apresentadora de rádio conservadora Laura Ingraham.

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No entanto, suas promessas de criar uma força de deportação para os imigrantes ilegais nos EUA e de implementar "testes ideológicos" para decidir quem pode entrar no país, entre outras ideias de seu discurso no Arizona, decepcionaram vários dos hispânicos que lhe assessoraram em matéria de imigração.

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Dois membros do Conselho Nacional de Assessores Hispânicos de Trump, Jacob Monty e Massey Villarreal, anunciaram na quinta-feira que deixaram de apoiar o candidato republicano, e outros dois integrantes desse grupo, Rick Figueroa e o sacerdote Ramiro Peña, disseram que também cogitam retirar seu apoio.

Por sua vez, o candidato democrata à vice-presidência dos EUA, Tim Kaine, afirmou à emissora de televisão "ABC News" que a visita de Trump ao México foi "uma vergonha diplomática", porque, "após um ano falando do muro", "se esqueceu ou teve medo de mencioná-lo" em sua reunião com Peña Nieto. / EFE e AFP

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