PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Todos os caminhos levam a Berlim

Governo alemão recomenda população a armazenar mantimentos para o caso de ataque terrorista

Por Fátima Lacerda
Atualização:

©DPA /Deniz Calagan

 

PUBLICIDADE

A "Revolução Pacífica" que derrubou o Muro de Berlim em 1989 tornou obsoleta a prática de armazenar alimentos básicos e água na dispensa para caso o Worst Case se tornasse realidade, caso estourasse a III Guerra Mundial. Em nenhum outro lugar da Europa, a feriada do mundo então dividido era mais, literalmente, concreta como em Berlim. Depois de 1989, com o fim da ameaça iminente, a prática se tornara obsoleta.

Os tempos mudaram

Vivemos o pós-globalização e a era da Guerra Digital, dos Whistleblowers e da  mudança de paradigma na forma de comunicação em todos os âmbitos.

A ameaça de ataques terroristas se tornou uma realidade recentemente na Alemanha com o ocorrido em Würzburg, Munique, Reutlingen.

Publicidade

"A população é aconselhada a armazenar reserva de alimentos e água para o período de 10 dias", assim divulga em matéria deste domingo (21) o jornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung" edicaoção de domingos. O documento, de proveniência do Ministério do Interior contendo estratégias para fins de "Defesa Civil" será apresentado e aprovado na próxima quarta-feira (24) pelo gabinete do governo Merkel, ao qual pertencem a União Democrática Cristã, o CDU de Merkel, o SPD, os socialdemocratas e o CSU,União Social da Baviera. Logo em seguida ao despacho com a chanceler, o Ministro, De Maizière, se pronunciará frente à imprensa.

Segundo a matéria do FAZ, "a própria população deverá ser responsável pela sua proteção, antes que mecanismos estatais sejam ativas, como garantir o fornecimento de água, eletricidade e dinheiro em espécie". O artigo também divulga que "a população deve garantir, pelo menos o contingente de 2 litros de água por pessoa considerando uma janela temporária de 5 dias".

A proveniência

Essa medida foi tema na recém convenção de segurança dos países da OTAN na capital polonesa, Varsóvia, os chefes de Estado concordaram em otimizar "a capacidade de defesa civil". Segundo o portal Spiegel Online que cita a matéria original no FAZ, o documento contendo 66 páginas considera maior os "conflitos híbridos", crimes cibernéticos, com a injeção de programa de vírus ou sabotagem de computadores. "Esses conflitos podem gerar muitos danos além de poderem ser combinados com armas convencionais e de destruição em massa no agravamento de um conflito".

O caráter cada vez mais desumano e trágico da Guerra Civil da Síria, o adeus de Erdogan aos instrumentos do Estado de Direito resultarão desmembramentos cada vez mais profundos, tanto na situação política como em todos os âmbitos da  sociedade alemã, seja no número de refugiados da Turquia que, depois da tentativa de golpe militar procuram em número cada vez maior asilo político na Alemanha, seja através dos chamados "Schläfer" (Adormecidos), habilitados e especializados pelo chamado Estado Islâmico à espera de "executar seu ato de mártir".

Publicidade

Perrengue Ancara- Berlim

PUBLICIDADE

O andar da carruagem entre Ancara e Berlim fica cada vez mais complexo.

Nesta semana, um documento do Serviço Secreto Alemão (BND, na sigla) atestou que desde 2011 a Turquia teria se tornado "plataforma central para radicais islamistas além de atestar que o governo turco manteria relações com "Forcas armadas islamistas da oposição na Síria", assim como com o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Palestina e com o movimento Irmandade Muçulmana no Egito. O BND, que está sob o teto do Ministério do Interior formulou essas questões num dossiê e as classificou como "secretas" e "para uso interno". Porém um funcionário do Ministério de De Maizière, ao responder uma pergunta oficial feita pela bancada do partido esquerdista Die Linke, esqueceu de retirar a passagem "Extremamente confindencial" do dossiê.

Erdogan em 2012 com o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh.

Outra prova de incompetência do Ministério do Interior é que a resposta foi formulada em papel timbrado, onde, também por motivos de praticidade já constava o aval e a confirmação de tomada de conhecimento por parte do Ministério das Relações Exteriores, sem que o mesmo tivesse conhecimento prévio do conteúdo da resposta formulada em escrito para a bancada do Die Linke e vazada na imprensa, primeiramente, pelo conglomerado ARD, de emissoras de rádio e TV.

Publicidade

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores só restou a humilhacao em saber pela imprensa sobre ter sido jogado para escanteio numa questão de tal relevância.

Um outro funcionário esqueceu de cortar a passagem rotulada como "secreta" pelo BND referente à análise da bomba-relógio chamada Turquia, constrangendo Merkel e irritando o ditador Erdogan e botando mais lenha do relacionamento desgastado dos dois países, mas como também no casamento com responsabilidades e dependências: um precisa do outro.

Como se tudo isso não bastasse, de Maizière não foi informado, que no envio da resposta à bancada do partido, havia um "aval" "pro forma" do Ministério das Relações Exteriores. Essas panes são useiro e vezeiro no ministério de Thomas de Maizière é, frequentemente, o último a saber o que acontece no seu ministério.

Numa de suas coletivas infelizes com a imprensa, o ainda Ministro foi perguntado por um assunto sobre o "potencial de ataque terrorista" na Alemanha. Sua resposta foi: "Uma parte da minha resposta causaria insegurança à população". Imediatamente as redes sociais pipocaram com sátiras sobre a figura (cômica, não fosse trágica) do pior Ministro do Interior que a Alemanha já teve. Insegurança, para dizer ao mínimo, vai pintar também na próxima quarta-feira, quando ele se dirigir à imprensa e instigar os alemães a armazenarem alimentos.

As próximas paródias de stand-up comedians e programas de sátira política não tardarão em pipocar nas redes socias. 

Publicidade