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De Beirute a Nova York

Análise blogueira do atentado terrorista em Sydney

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Por gustavochacra
Atualização:

O ataque de hoje em Sydney aparentemente foi cometido por um lobo solitário. Trata-se de um auto-intitulado clérigo islâmico chamado Man Haron Monis que não é reconhecido pela comunidade muçulmana da Austrália. Aliás, as principais organizações islâmicas australianas condenaram duramente o ataque terrorista no centro da maior cidade do país.

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Este terrorista não integra grupos como o ISIS (também conhecido como Grupo Estado Islâmico, ISIL e Daesh) ou Al Qaeda, de acordo com as informações iniciais da polícia australiana. Aliás, não há provas de ligação dele com qualquer grupo extremista. Lembro, porém, que meses atrás o ISIS ameaçou a Austrália com um atentado terrorista.

De acordo com as informações disponíveis, Monis é iraniano e imigrou como refugiado para a Austrália em 1996. Embora tenha nascido xiita, se converteu posteriormente ao islamismo sunita. Não tem, portanto, qualquer ligação com o regime de Teerã, que é xiita e inimigo de grupos extremistas sunitas como a Al Qaeda e o ISIS.

Com passagens criminais, Monis também tem hábitos grotescos como enviar cartas para a família de soldados australianos mortos no Afeganistão dizendo que os militares são assassinos.

O último ataque terrorista nos EUA também foi cometido por lobos solitários, na Maratona de Boston (os irmãos Tsarnaev). Esta forma de ação se tornou mais comum nos últimos tempos. Por ser mais imprevisível, é mais complicada de ser evitada. Mega atentados, como o 11 de Setembro, Madrid e Londres não ocorrem há anos no Ocidente, embora ainda sejam comuns no Iraque e outros lugares, como a Nigéria.

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Para complicar, há um temor de que veteranos do ISIS, retornando da Síria e do Iraque, atuem como lobo solitários. Verdade, isso tende a ocorrer. Mas, como vimos, os terroristas não precisam ter passado por Mossul ou Raqaa para cometer o ataque. Basta ter uma arma na mão e alguns problemas mentais ou pessoais para realizar um atentado como o de Sydney ou em qualquer parte do mundo.

A melhor forma de evitar estes ataques é trabalhar com as comunidades islâmicas, que repudiam abertamente o terrorismo. Isso, inclusive, já ocorre. Mas não tem como haver 100% de segurança. A não ser que as pessoas comecem a abdicar da liberdade.

Não sei como faz para publicar comentários. Portanto pediria que comentem no meu Facebook (Guga Chacra)e no Twitter (@gugachacra), aberto para seguidores

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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