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De Beirute a Nova York

Assad e Putin não querem que o Irã provoque Israel

O regime de Bashar al Assad e a Rússia dependem do Irã para combater os jihadistas da oposição síria como o Hayet Tahrir al Sham (Al Qaeda na Síria) e o Jaysh al Islam, que recebem suporte da Arábia Saudita, Turquia e algumas nações ocidentais. Mas o líder sírio e Vladimir Putin não veem com bons olhos o estabelecimento de bases iranianas na Síria para serem usadas como uma nova frente de batalha contra Israel.

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Por gustavochacra
Atualização:

O objetivo do regime sírio e da Rússia é que Assad vença de uma vez por todas a guerra civil, se consolidando no poder. Ambos não têm como meta uma guerra contra Israel. Afinal, sabem que Israel destruiria o que ainda resta da Síria, mas não necessariamente o Irã, em um conflito. Bashar e seu pai, Hafez, mantiveram a calma na fronteira com Israel ao longo de quatro décadas. Era a fronteira mais segura israelense até o início da guerra da Síria, superando a da Jordânia. Isso apesar de Israel ter ocupado e posteriormente anexado as colinas do Golã, em ação não reconhecida pela comunidade internacional.

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Assad, inclusive em entrevista para mim, sempre deixou claro que queria ter um acordo de paz com Israel. Chegou perto em negociações com o ex-premiê Ehud Olmert. Mas as negociações fracassaram. Ainda assim, Assad não teria o menor problema em ter um acordo de paz com os israelenses. Seria, aposto, o maior aliado de Israel no Oriente Médio. O líder sírio apenas mantém sua aliança com o Irã por questões estratégicas.

Israel sabe desta divergência entre o Irã e Assad/Putin e está explorando a divisão, como vimos nos bombardeios na semana passada. Insisto, o problema do Oriente Médio não está no Levante. Está no Golfo. O mundo seria muito melhor se as nações levantinas (Israel, Palestina, Síria e Líbano) estivessem em paz. Infelizmente, o Irã, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes, com seus regimes pavorosos, além do Ocidente, sabotam qualquer iniciativa.

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