O objetivo do regime sírio e da Rússia é que Assad vença de uma vez por todas a guerra civil, se consolidando no poder. Ambos não têm como meta uma guerra contra Israel. Afinal, sabem que Israel destruiria o que ainda resta da Síria, mas não necessariamente o Irã, em um conflito. Bashar e seu pai, Hafez, mantiveram a calma na fronteira com Israel ao longo de quatro décadas. Era a fronteira mais segura israelense até o início da guerra da Síria, superando a da Jordânia. Isso apesar de Israel ter ocupado e posteriormente anexado as colinas do Golã, em ação não reconhecida pela comunidade internacional.
Assad, inclusive em entrevista para mim, sempre deixou claro que queria ter um acordo de paz com Israel. Chegou perto em negociações com o ex-premiê Ehud Olmert. Mas as negociações fracassaram. Ainda assim, Assad não teria o menor problema em ter um acordo de paz com os israelenses. Seria, aposto, o maior aliado de Israel no Oriente Médio. O líder sírio apenas mantém sua aliança com o Irã por questões estratégicas.
Israel sabe desta divergência entre o Irã e Assad/Putin e está explorando a divisão, como vimos nos bombardeios na semana passada. Insisto, o problema do Oriente Médio não está no Levante. Está no Golfo. O mundo seria muito melhor se as nações levantinas (Israel, Palestina, Síria e Líbano) estivessem em paz. Infelizmente, o Irã, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes, com seus regimes pavorosos, além do Ocidente, sabotam qualquer iniciativa.