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De Beirute a Nova York

Chipre é saída para libaneses e israelenses de religiões diferentes se casarem

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Por gustavochacra
Atualização:

Os casamentos no Líbano em Israel são apenas religiosos. Não existe matrimônio civil. Em Beirute, por exemplo, se um muçulmano sunita quiser se casar com uma cristã, um dos dois terá que se converter para a religião do outro. O mesmo ocorre em Haifa, Israel, se um árabe-israelense cristão ou muçulmano perdir uma judia em casamento. Sem saída, tanto israelenses como libaneses optam pela solução mais fácil. Pegar um avião e, em poucos minutos, pousar no aeroporto de Larnaka, no Chipre.

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A legislação cipriota para casamento é das mais simples que existem. Estrangeiros podem chegar lá e, após dois dias, se casarem. Quase uma Las Vegas do Mediterrâneo. Basta os noivos provarem que são solteiros - em alguns casos, a própria palavra do casal é aceita. cerimônia ainda pode ser marcada em algum lugar paradisíaco desta ilha, que é um dos destinos preferidos da classe média escandinava e inglesa.

Com o casamento civil, tanto libaneses e israelenses podem se sentir mais seguros quando voltarem aos seus países. O casal libanês poderá viver junto sem enfrentar problemas. Estarão legalizados. Os libaneses até aceitariam o casamento civil, mas isto complicaria o sistema sectário no país.

Mas não se pode esquecer que, apesar de o casamento civil realizado no Chipre ser reconhecido no Líbano, o casal terá de enfrentar as resistências de suas famílias, muitas vezes contrária à união com um integrante de outra religião. Tenho uma amiga muçulmana sunita e um amigo cristão maronita que namoram há alguns anos. Os dois são da elite libanesa. Ela se formou na Universidade Americana de Beirute, ele, na Saint Jouseph, considerada a melhor intituição universitária francesa no Oriente Médio. Porém os pais dele nunca conheceram a namorada muçulmana do filho. O pai dela tampouco simpatiza com o rapaz pelo simples fato de ele ser cristão.

Note que nenhum dos dois é religioso. Ele nem chega a usar o crucifixo, como fazem muitos maronitas no Líbano. Ela, se não dissesse a religião, passaria tranquilamente por uma patricinha de São Paulo.

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Com certeza, os dois devem se casar diante de um juiz em Nicósia. Por enquanto, eles apenas planejam ir fazer pós-graduação nos EUA, onde poderiam ficar juntos sem os olhares dos pais.

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