Primeiro, a Arábia Saudita, que lidera a OPEP, sabe que o problema de queda no preço de petróleo desta vez envolve tanto a redução na demanda por desaceleração da economia mundial, assim como em 2009, como também por um aumento na oferta. Este crescimento na quantidade petróleo colocado no mercado se deve a avanços na técnica de prospecção chamada fracking nos EUA, aumentando a produção americana.
Este novo cenário reduziu o poder de fogo da OPEP. Mas os sauditas e seus aliados sabem que, se o preço do barril cair mais, será cada vez mais inviável o investimento em fracking nos EUA porque ficará caro demais. Empresas quebrarão ou diminuirão os investimentos. E os sauditas e a OPEP como um todo, por não terem necessidade de técnicas tão caras de prospecção em seus territórios, perderiam dinheiro no curto prazo, mas ganhariam no longo ao ver o enfraquecimento de seus rivais nos EUA.
O segundo motivo de a Arábia Saudita não ver problemas na queda do preço do petróleo está no enfraquecimento do Irã. Sem dúvida os cofres sauditas perderão dinheiro, mas menos do que os iranianos que enfrentam sanções e precisam vender o seu petróleo a um preço ainda mais baixo do que o do mercado. E, como sabemos, os iranianos são os principais rivais geopolíticos dos sauditas.
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Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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