De todas, a região mais imune ao conflito se localiza na faixa mediterrânea de Tartus até Latakia. São bastiões do regime que não foram bombardeados. Historicamente, é uma área geográfica mais laica, com expressiva população alauíta e cristã, além de muçulmanos sunitas mais moderados.
Claro, não que a vida em Tartus seja perfeita. Há dezenas de milhares de deslocados internos de outras áreas destruídas pela guerra. Muitos jovens foram mortos lutando a favor do regime em outras partes da Síria. Mas, no geral, a vida segue razoavelmente normal, não muito diferente do Líbano a poucos quilômetros de distância.
A estabilidade e a tolerância religiosa na costa mediterrânea inclusive serve de argumento de propaganda para alguns dizerem que o regime de Assad é bem melhor do que as áreas controladas pela oposição e pelo ISIS (Grupo Estado Islâmico ou Daesh), onde pessoas são mortas pela religião.
Os ataques terroristas do ISIS ontem a Tartus e outras cidades mediterrâneas, porém, deixaram mais de cem mortos e traumatizaram estes sírios que se sentiam relativamente seguros e protegidos pelo regime.
É difícil explicar, mas é extremamente complicado realizar um atentado em Tartus. Os terroristas teriam de passar por dezenas de postos de controle com explosivos e enganar uma série de agentes de segurança que conhecem os habitantes de Tartus pelo nome.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires