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De Beirute a Nova York

Como um brasileiro pode se colocar no lugar de um refugiado sírio?

Imagine que, ao se formar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo com o sonho de ser juiz, você fosse convocado para ir para o Exército para lutar em uma guerra civil a favor de um regime, ficando estacionado em uma frente de batalha em Tocantins contra extremistas religiosos.

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Por gustavochacra
Atualização:

Imagine, por outro lado, que você trabalhe em uma fazenda em Tocantins e precisa aceitar lutar ao lado destas milícias extremistas religiosas contra o regime pois, caso contrário, irão te decapitar, estuprar a sua mulher e fazer uma lavagem cerebral nos seus filhos.

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Imagine que você tenha a opção de tentar uma vida nova na Alemanha e na Suécia, com status de refugiado, ainda que isso implique em uma difícil travessia, cruzando mares e fronteiras hostis (imagine, claro, que Brasil fique no Mediterrâneo).

Sendo muito honesto, você iria em busca de uma vida melhor, apesar das dificuldades, ou permaneceria no país? Apenas para frisar, sírios podem adiar o momento de servir no Exército caso estejam na faculdade. Mas, depois de formados, tem de ir para a guerra. E milhões de brasileiros, mesmo sem viver em uma guerra civil, buscam uma vida melhor no exterior - eu, inclusive.

Obs. Curiosamente, muitos imigrantes sírios (não libaneses) que imigraram na Primeira Guerra fugiram justamente porque não queriam lutar em defesa dos otomanos. Não é algo novo.

Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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