- Endurecer a linguagem das sanções impostas pelos EUA durante a administração Obama para punir ainda mais Putin
- Obrigar o presidente americano a passar pelo Congresso antes de levantar sanções já existentes
Claramente, o Congresso visa acima de tudo enfraquecer o poder de Trump em negociações com a Rússia ao deixar o presidente de mãos atadas, evitando negociações Putin. O Kremlin, temos de lembrar, é acusado de ter interferido a favor do atual presidente nas eleições presidenciais, segundo os serviços de inteligência americanos. Agora Trump não tem alternativa a não ser assinar. Caso vetasse, o veto seria derrubado pelo Congresso (quase todos democratas e republicanos votaram a favor das sanções na Câmara e no Senado, sendo simples alcançar os dois terços para derrubar um veto presidencial). Além disso, Trump, caso não assine, será acusado de estar com medo de bater de frente com a Rússia, aumentando as suspeitas de conluio.
Mas tem um lado bem grave nesta questão no que diz respeito à Rússia. Afinal, o governo Putin não terá incentivos para trabalhar com os EUA em alguns temas importantes para o mundo, como a Guerra da Síria e a Coreia do Norte. Lembro que Moscou foi importante para a assinatura do Acordo Nuclear com o Irã. Para completar, Putin não deve fazer concessões na questão da Ucrânia e Crimeia. Não é absurdo, portanto, querer se aproximar da Rússia, como defende Trump. Aliás, foi o que a Hillary tentou quando era secretária de Estado no primeiro mandato de Obama. O Congresso não deveria ter se sobreposto ao presidente neste caso. A punição a Putin e as negociações com Putin tem ser restritas à Casa Branca.
Obs. A Rússia foi colocada no mesmo pacote que o Irã e a Coreia do Norte. Isso é ofensivo para Moscou ao ser tratado como uma nação pária pelo Congresso dos EUA. Putin por enquanto decidiu expulsar 755 funcionários diplomáticos - o que inclui staff local, como cozinheiros, motoristas e também diplomatas. Mas haverá represálias maiores e não se restringirão ao campo das sanções.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires