Foto do(a) blog

De Beirute a Nova York

Egito tem hoje uma ditadura militar sanguinária e popular

O novo governo do Egito é uma ditadura sanguinária. Não há outra forma para descrever o que ocorre no Cairo. Há relatos de que mais de 200 pessoas teriam sido mortas na ação hoje para reprimir protestos pacíficos de membros da Irmandade Muçulmana  - já eram mais de cem antes. Até mesmo um câmera de uma TV britânica está entre os mortos.

PUBLICIDADE

Por gustavochacra
Atualização:

O general Sisi se transformou em um novo Hosni Mubarak e, como o antigo ditador, já decretou um mês de estado de emergência. Mohamed El Baradei, celebrado por seu prêmio Nobel da Paz, é conivente com a matança se não tomar vergonha na cara e renunciar (ATUALIZAÇÃO - El Baradei renunciou).

PUBLICIDADE

Mohammad Morsy havia sido eleito um anos atrás em eleições livres. Fez uma péssima administração, em parte, especialmente na área de segurança, por ter sido boicotado pela polícia e pelas Forças Armadas. Também desrespeitou a divisão de poderes e rumava para se transformar em Hugo Chávez do mundo árabe.

Estas suas ações geraram enorme insatisfação e calcula-se que milhões saíram às ruas pedindo à sua queda. O Exército, comandado por Sisi, interveio e o derrubou. Houve, na época, um debate sobre se teria sido ou não golpe. Mas isso não interessa mais.

Hoje o Egito tem uma ditadura que, em pouco mais de um mês, mata como o regime militar brasileiro em 20 anos. Tem apoio popular? Pinochet também tinha no Chile e Assad possui na Síria. Morsy, por sua vez, segue preso, embora não tenha cometido nenhum crime, e também desfruta de enorme suporte em uma nação dividida.

Conforme demandam alguns senadores americanos, a administração Barack Obama precisa rever urgentemente a sua mesada de US$ 1,3 bilhões anuais para os militares egípcios. Nem mesmo para a segurança de Israel a turma de Sisi serve, como vemos no Sinai ingovernável. Morsy, por sua vez, conseguiu negociar um acordo evitando uma guerra entre os israelenses e o Hamas na Faixa de Gaza no ano passado. 

Publicidade

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

Comentários islamofóbicos, antisemitas e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista Acompanhe também meus comentários no Globo News Em Pauta, na Rádio Estadão, na TV Estadão, no Estadão Noite no tablet, no Twitter @gugachacra , no Facebook Guga Chacra (me adicionem como seguidor), no Instagram e no Google Plus. Escrevam para mim nogugachacra at outlook.com. Leiam também o blog do Ariel Palacios

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.