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De Beirute a Nova York

Guia blogueiro para entender a queda da Bolsa na China

A crise que vemos na China neste momento possui o lado econômico e o lado financeiro. Os dois, obviamente, são interligados, embora o impacto da queda da Bolsa na economia seja menor do que o impacto da desaceleração da economia na queda da Bolsa.

Por gustavochacra
Atualização:

Neste post, tento explicar o que tem produzido a desaceleração da economia chinesa e a queda acentuada das ações na Bolsa de Valores de Shangai. Noto que se trata de um texto para leigos. Economistas e investidores tendem a achar básico. Mas podem ajudar com informações e análises para contribuir ainda mais para o entendimento

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Desaceleração Economia

 . A China vinha crescendo a patamares ao redor de 10% nas últimas décadas. Grande parte desta elevação do PIB se deveu a um crescente aumento das exportações e investimentos gigantescos do governo em infraestrutura.

. O PIB é igual a Gastos do Governo + Investimentos + Consumo + resultado da balança comercial (exportações - importações). Com um limite para investimentos e também de mercado para produtos chineses, houve uma desaceleração e hoje a economia chinesa cresce a 7%. Este valor seria excepcional para a maior parte dos países do mundo, mas é pouco para a China, que ainda possui uma enorme parcela da população pobre

. Para crescer mais, neste momento, os chineses precisam aumentar o consumo e isso exige uma série de reformas

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 Vejam este gráfico do com o crescimento do PIB da China

 E este com a variação na balança comercial nos últimos dez anos

. Por enquanto, o regime chinês tomou apenas a medida de desvalorizar a moeda em cerca de 3% em relação ao dólar, buscando um aumento das exportações

Veja aqui o gráfico com a variação do valor do Yuan em relação ao Dólar nos últimos 5 anos

Queda da Bolsa de Shanghai

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. A partir de meados do ano passado, a China passou a incentivar as pessoas a investirem em ações no mercado financeiro. Cerca de 40 milhões de chineses (população da Argentina ou Califórnia) abriram carteiras acionárias e a Bolsa de Shangai observou um crescimento de 150% até junho deste ano.

Veja aqui o gráfico da variação do índice da Bolsa de Shanghai no último ano

. Muitos destes novos investidores, usavam dinheiro emprestado para comprar ações, o que, aos poucos, passou a gerar preocupação no regime, que decidiu restringir estes empréstimos no começo deste ano. O resultado desta medida, porém, apareceu em maio, quando surgiram os primeiros sinais de que o mercado financeiro havia atingido seu ápice

. Em junho, começou a haver a queda e o regime chinês tomou algumas medidas para evitar o colapso do mercado financeiro. Segundo compilação do site VOX, as medidas foram

1) Banco Central forneceu dinheiro para o China Securities Finance Corp. para emprestar para investidores comprarem ações (revertendo as restrições anteriores)

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 2)IPOs foram suspensos para evitar competição pelo investimento com as empresas previamente listadas na Bolsa de Shangai

 3) Pessoas com mais de 5% de ações de empresas passaram a ser impedidos de vender suas ações por seis meses

 4) Empresas, seus executivos e funcionários receberam ordens para comprar ações de suas corporações

 5) Pela primeira vez, fundos de pensão receberam autorização para investir em ações (até 30% do portifólio)

 Estas medidas, no entanto, conseguiram conter o caos por apenas um período. Na semana passada, os temores da desaceleração voltaram depois da decisão de o regime desvalorizar a moeda. Hoje, a Bolsa despencou 8,49% . Desde o auge, em junho, a queda é de 40% e já eliminou todos os ganhos no ano

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Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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