Nove pessoas foram mortas pelo simples fato de serem negras quando rezavam em sua Igreja. O terrorista (ainda suspeito), tão terrorista quanto os irmãos Tsarnaev da maratona de Boston, se chama Dyllan Roof e tem 21 anos. Na sua foto no perfil do Facebook, de acordo com o New York Times, ele aparece com uma jaqueta com as bandeiras dos regimes racistas da África do Sul do Apartheid e do antiga Rodésia (atual Zimbábue).
Vocês já pensaram o que ocorreria se um muçulmano, com uma jaqueta com a bandeira do ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh, invadisse uma Igreja de cristãos brancos na Carolina do Sul e matasse nove pessoas que estavam rezando? Corretamente, e isso é importante, condenariam este terrorista e todos se solidarizariam com as vítimas (no estilo #JesuisCharlie). Mas também aumentaria a pressão certamente para o presidente Barack Obama enviar tropas terrestres para o Iraque e a Síria, em uma nova guerra que custaria trilhões de dólares e milhares de vidas de jovens americanos sem solucionar nada. Além disso, os islamofóbicos voltariam a dizer que o islamismo é religião da violência.
Morrem nove negrosem um ato terrorista e cadê a revolta? É menor porque são negros? Se for isso, é racismo. E o problema é o terrorista ser branco e não um muçulmano árabe? Neste caso, seria uma mistura de racismo com islamofobia.
O ataque terrorista de hoje foi o mais grave ato de terrorismo em número de vítimas em solo americano desde o 11 de Setembro. Roof e sua ideologia supremacista são tão repugnantes e grotescos como membros da Al Qaeda e seguidores da ideologia extremista islâmica. Basta lembrar que o segundo maior atentado da história americana também foi cometido por um supremacista, em Oklahoma.
Moro nos EUA e está claro que, nos últimos meses, a tensão racial aumentou para um de seus maiores patamares neste século. Isso não significa que tenha aumentado o racismo. São coisas distintas. Os EUA têm um presidente negro, secretária da Justiça negra, com antecessor negro, dois ex-secretários de Estado negros e algumas de suas maiores celebridades. Mas isso não tem sido suficiente para conter a violência racial.