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De Beirute a Nova York

Manual para entender o ataque do Taleban no Paquistão

O ataque contra a escola no Paquistão que matou cerca de 130 pessoas, sendo 100 crianças, foi um atentado terrorista doméstico, não global. A ação possivelmente seria uma vingança do Taleban paquistanês (diferente do afegão) em resposta recentes operações militares das Forças Armadas paquistanesas contra o grupo no Waziristão, que fica na fronteira do país com o Afeganistão.

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Por gustavochacra
Atualização:

Eu sei que todos estes nomes são complicados. Então vamos por partes.

 O que é o Paquistão?

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O Paquistão é uma nação democrática, com armamentos nucleares, um dos serviços de inteligência mais avançados do mundo (ISI), um Exército poderoso e, ao mesmo tempo, vive uma eterna instabilidade.

Qual a maior preocupação do Paquistão?

O principal inimigo do Paquistão é a Índia e a geopolítica do país sempre esteve mais preocupada com o avanço indiano do que com questões ligadas ao extremismo islâmico dentro de seu território e também no vizinho Afeganistão

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 O Paquistão não é aliado dos EUA?

Sim, os dois países são aliados na Guerra ao Terror. Mas, longo de todo este período desde o 11 de Setembro, estas relações tiveram altos e baixos

 O que é a ISI?

A ISI é o serviço de inteligência do Paquistão. Para muitos, faz jogo duplo e possui ligações com os grupos terroristas que operam no país e no Afeganistão. Alguns dizem inclusive que a ISI deu abrigo a Bin Laden, que estava dentro do país quando foi morto pelos EUA

E as Forças Armadas? Como foi a operação contra o Taleban?

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São mais sérias do que a ISI, embora com alguns braços também fazendo jogo duplo. Nos últimos meses, porém, sob o comando do general  Raheel Sharif, levou uma mega ofensiva militar nas áreas tribais do Waziristão contra o Taleban paquistanês, rede Haqqani e Al Qaeda. O Exército, em junho, teria assumido o controle de 90% das áreas tribais do país

O que são as zonas tribais e quem são estes grupos?

As zonas tribais se localizam principalmente no Waziristão, uma área praticamente sem presença do Estado na fronteira do Paquistão e do Afeganistão. A Al Qaeda tem suas bases nestas áreas, embora esteja enfraquecida pelos bombardeios de Drones nos últimos anos. O Taleban paquistanês é uma versão do grupo afegão dentro do Paquistão com uma agenda um pouco distinta. O grupo Haqqani é uma das mais perigosas organizações anti-EUA na região.

 Como foi o ataque terrorista de hoje?

O atentado ocorreu em uma escola militar (no sentido de ser mantida pelo Exército, embora fosse do ensino fundamental) no norte do Paquistão na manhã desta terça quando seis membros do Taleban fortemente armados invadiram o local na cidade de Peshawar. Eles começaram a disparar contra os alunos e fizeram dezenas de reféns. Cerca de 130 pessoas morreram, sendo 100 crianças. A ação seria uma vingança aos ataques das Forças Armadas

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Por que crianças?

Porque o Taleban paquistanês é uma organização sanguinária com uma ideologia extremista que se opõe a educação secular, especialmente de mulheres

Qual a posição do governo?

O governo paquistanês é controlado por Nawaz Sharif, um político populista. Ele mantém um discurso duro contra os grupos terroristas, mas alguns afirmam que ele poderia fazer mais. Internamente, enfrenta uma crescente oposição de Imran Khan, um ex-jogador de críquete e principal líder opositor, que afirma que as últimas eleições foram fraudadas. Há protestos ocorrendo ao redor do país

O que deve ocorrer agora?

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A opinião pública paquistanesa deve apoiar ações ainda mais duras contra os grupos terroristas operando no país e deve tolerar menos o jogo duplo de seus serviços de inteligência

Não sei como faz para publicar comentários. Portanto pediria que comentem no meu Facebook (Guga Chacra)e no Twitter (@gugachacra), aberto para seguidores

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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