Há interesse, segundo apurei, de alguns membros da área da Defesa no Brasil em participar destas forças. Vale lembrar que a Marinha brasileira integra a UNIFIL no Líbano e é por manter o cessar-fogo entre o Hezbollah e Israel na zona marítima. Até 1967, o Brasil teve o Batalhão Suez como integrante das forças de paz na Faixa de Gaza. Os militares brasileiros, inclusive, estavam no território quando eclodiu a Guerra dos Seis Dias em 1967. E, claro, há também as tropas na MINUSTAH, no Haiti, que onde devem sair em outubro. O Brasil tem a vantagem de ser culturalmente próxima da Síria. Centenas de milhares de sírios e libaneses imigraram para o Brasil e os brasileiros possuem excelente imagem entre os sírios.
A estratégia da Rússia, basicamente, visa consolidar o poder de Assad, que já controla quase todas as principais zonas urbanas da Síria, incluindo Damasco, Aleppo, Homs, Hama e a costa mediterrânea. Ao mesmo tempo, Putin faria uma concessão para a Turquia e Arábia Saudita, aceitando que os rebeldes, muitos deles ligados à Al Qaeda, sigam controlando Idlib. Os EUA, apesar do recente bombardeio contra Assad, mantêm o foco no apoio a milícias curdas no combate ao ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico e Daesh.
Estas milícias curdas, que atuam na fronteira com a Turquia e tentarão derrotar o ISIS em Raqqa, não são inimigas de Assad, mas tampouco são aliadas. Estes grupos curdos, em especial o YPG, são, no entanto, adversárias da Turquia, que considera estas facções terroristas pela ligação com o grupo separatista curdo PKK, responsável por dezenas de atentados no território turco.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires