Vamos ao diálogo
(Em um café de Beirute) Abu Michel - O As-Safir (jornal libanês mais próximo da oposição) diz que a próxima guerra entre Israel e o Líbano será em abril Abu Samir - Você ainda lê esta porcaria? O An Nahar (jornal ligado à 14 de Março, de Saad Hariri) afirma que a guerra ocorrerá mais cedo do que isso. Em janeiro ou fevereiro, no máximo
Abu Michel - Impossível. Os israelenses não atacariam no inverno. A campanha nesta época seria um pesadelo para eles. Há muitas nuvens e as condições de vôo seriam difíceis. Seus soldados ficariam desorientados nos nossos vales e montanhas com a neblina.
Abu Samir - Você acha que eles se preocupam com o que vão bombardear desta vez? Eles bombardearão todo o país, indiscriminadamente, com nuvem ou sem. Quando terminarem, mandarão seus soldados mariquinhas (nota minha - sissy, em inglês, e aceito traduções melhores. Na verdade, os cristãos libaneses costumam tirar sarro dos israelenses, chamando-os de franguinhos, cafonas e sem o refinamento dos libaneses. Esta imagem não reflete o pensamento dos muçulmanos, que não gostam dos israelenses, mas os consideram fortes e modernos).
Abu Michel - Eles não arriscariam bombardear todo o país. O Hezbollah atacaria Tel Aviv e Dimona (instalação nuclear israelense)
Abu Samir - Sob as instruções do Irã?
Abu Michel - Engraçado, o que a 14 de Março fará para nos defender da agressão israelense? Abu Samir - A Rússia acabou de nos doar dez MIGs 29.
Abu Michel - O que? Você acha que dez ultrapassados caças russos vão deter os israelenses?
Abu Samir - Você acha que alguns katyushas vão?
Silêncio Abu Michel (sussurrando em tom conspiratório) - Olha, no fim das contas, as armas da resistência [Hezbollah] são para prevenir o pior cenário possível - a naturalização dos palestinos.
Abu Samir - Claro. Para que você acha que são os MIGs?
Abu Michel - Claro, claro. Abu Samir - Passe o açúcar, por favor.
Nota - Aoun e Gaegea já travaram uma guerra entre si, no fim dos anos 1980. Foi a batalha dos cristãos, onde irmão lutava contra irmão. Os dois perderam e os cristãos são hoje coadjuvantes de xiitas e sunitas no Líbano. Tampouco possuem um líder forte, como os druzos