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De Beirute a Nova York

Por que a estratégia de Assad e Putin para ter apoio de Trump na Síria fracassou?

A estratégia de Bashar al Assad, com o apoio de Vladimir Putin, sempre foi convencer Donald Trump e a base trumpista de que ele é a menos grave das alternativas da Guerra da Síria. A estratégia consistia em cinco pontos fundamentais

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Por gustavochacra
Atualização:

  1. deixar claro que a oposição armada que luta contra a Assad é jihadista. Inicialmente, não era. Mas, de fato, atualmente todos os principais grupos chamados de rebeldes tem viés jihadista - o Jaysh al Islam, o Hayet Tahrir al Sham (antiga Frente Nusrah, a Al Qaeda na Síria) e o Ahrar al Sham, além do próprio ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh
  2. deixar claro que estes grupos jihadistas foram armados por Obama com apoio de Hillary Clinton. Na verdade, porém o então governo Obama fez o possível para armas milícias laicas e supostamente moderadas. Fracassou. Com o passar dos anos, muitos dos armamentos caíram nas mãos dos jihadistas e as milícias supostamente moderadas basicamente desapareceram
  3. mostrar Assad como um dos últimos defensores do cristianismo no mundo árabe, além de ser uma bastião contra o radicalismo salafista propagado pela Arábia Saudita
  4. deixar claro que Assad não oferece ameaça aos EUA e combate justamente terroristas jihadistas que atacam os americanos
  5. frisar que todas as intervenções americanas no Oriente Médio, Norte da África e Ásia Central para mudança de regime foram um fracasso (Iraque, Afeganistão e Líbia)

Esta estratégia de Assad e Putin funcionou com a base trumpista e com o próprio Trump por um período. O presidente americano, antes de ser candidato, via com enorme cautela a oposição síria e chegou a escrever no Twitter (corretamente) que se tratavam de jihadistas. Ele nunca chegou a defender Assad, mas claramente não se importava com a permanência dele no poder. O ditador sírio e seu aliado em Moscou nunca quiseram provocar Trump. Mas, pelo visto, algo deu errado em relação ao presidente (comentarei em um próximo post, mas guarde o nome "Arábia Saudita"). Já a base trumpista saiu em defesa de Assad e criticou Trump por seguir a linha intervencionista de Bush e Hillary.

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