Comecemos pelo próprio Brasil. Dois esportes que os jovens brasileiros adoram são o surfe e o vale-tudo. No primeiro, o Brasil tem hoje Gabriel Medina, número um do ranking mundial, e mais seis atletas entre os 36 melhores do mundo. Depois de décadas, finalmente alcançamos americanos, australianos e havaianos (que competem como entidade separada dos EUA e só tem 3 entre os 36). Já no vale-tudo, onde éramos dominantes, começamos a perder espaço justamente para os americanos. Por que? Certamente há mais dinheiro no vale-tudo, transmitido pela Globo, do que no surfe no Brasil (a vitória do Medina sobre o Kelly Slater, maior surfista de todos os tempos, no Tahiti foi transmitida apenas pela internet).
Agora, mudemos de país. Os EUA eram soberanos no tênis masculino nos anos 1980, com quase a metade dos tenistas entre os top 50 do mundo. Hoje tem apenas o John Isner, que é o número 15 e sabemos ser completamente impossível um americano vencer o US Open. A Suécia, que sempre teve jogadores entre os melhores do mundo, atualmente é uma comédia. A Espanha, por sua vez, se tornou dominante nesta modalidade. Por que? A Espanha por acaso tem melhores centros de treinamento de que os EUA e a Suécia?
E a natação? Está bom, os EUA ainda tem o Michael Phelps e o Ryan Lochte no masculino, ambos quase veteranos, e a genial Katie Ledecky no feminino. Mas, no geral, os EUA estão órfãos em uma série de provas e os dois ídolos da natação se aposentarão depois do Rio. A Austrália, que era uma super potência na natação nos tempos de Ian Thorpe, decaiu e perdeu lugar para a França e o Japão, apesar de ainda ter alguns dos melhores centros de treinamentos do mundo. Os japoneses, porém, tendem a ser os grandes vencedores em Tóquio 2020 e talvez até no Rio em 2016. Por que?
Portanto, termino perguntando, se a decadência do nosso futebol não seria algo cíclico, assim como os alemães estiveram medíocres na Eurocopa de 2004, a Itália não se classificou para segunda fase nas últimas duas Copas, a Holanda não foi aos mundiais de 1982 e 86 e a França ao de 1994. Eu fiz muito drama na Copa, mas acho que pode sim surgir uma geração independentemente da incompetência da CBF.