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De Beirute a Nova York

Por que o surf do Brasil ficou bom e o tênis dos EUA ficou ruim?

Um dos grandes temas do esporte mundial é a decadência do futebol brasileiro. Não somos mais uma das melhores seleções do planeta. Mas esta decadência é definitiva? Na verdade, em todas as modalidades esportivas e em todos os países há oscilações no desempenho dos atletas. A queda pode ser cíclica.

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Por gustavochacra
Atualização:

Comecemos pelo próprio Brasil. Dois esportes que os jovens brasileiros adoram são o surfe e o vale-tudo. No primeiro, o Brasil tem hoje Gabriel Medina, número um do ranking mundial, e mais seis atletas entre os 36 melhores do mundo. Depois de décadas, finalmente alcançamos americanos, australianos e havaianos (que competem como entidade separada dos EUA e só tem 3 entre os 36). Já no vale-tudo, onde éramos dominantes, começamos a perder espaço justamente para os americanos. Por que? Certamente há mais dinheiro no vale-tudo, transmitido pela Globo, do que no surfe no Brasil (a vitória do Medina sobre o Kelly Slater, maior surfista de todos os tempos, no Tahiti foi transmitida apenas pela internet).

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Agora, mudemos de país. Os EUA eram soberanos no tênis masculino nos anos 1980, com quase a metade dos tenistas entre os top 50 do mundo. Hoje tem apenas o John Isner, que é o número 15 e sabemos ser completamente impossível um americano vencer o US Open. A Suécia, que sempre teve jogadores entre os melhores do mundo, atualmente é uma comédia. A Espanha, por sua vez, se tornou dominante nesta modalidade. Por que? A Espanha por acaso tem melhores centros de treinamento de que os EUA e a Suécia?

E a natação? Está bom, os EUA ainda tem o Michael Phelps e o Ryan Lochte no masculino, ambos quase veteranos, e a genial Katie Ledecky no feminino. Mas, no geral, os EUA estão órfãos em uma série de provas e os dois ídolos da natação se aposentarão depois do Rio. A Austrália, que era uma super potência na natação nos tempos de Ian Thorpe, decaiu e perdeu lugar para a França e o Japão, apesar de ainda ter alguns dos melhores centros de treinamentos do mundo. Os japoneses, porém, tendem a ser os grandes vencedores em Tóquio 2020 e talvez até no Rio em 2016. Por que?

Portanto, termino perguntando, se a decadência do nosso futebol não seria algo cíclico, assim como os alemães estiveram medíocres na Eurocopa de 2004, a Itália não se classificou para segunda fase nas últimas duas Copas, a Holanda não foi aos mundiais de 1982 e 86 e a França ao de 1994. Eu fiz muito drama na Copa, mas acho que pode sim surgir uma geração independentemente da incompetência da CBF.

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