Já o partido de extrema direita anti-imigrante e abertamente islamofóbico PVV, liderado por Geert Wilders, ficou em segundo lugar, totalizando 20 cadeiras, com um aumento de 5 em relação à eleição anterior. Houve, portanto, um avanço, mas aquém do que se especulava até poucos dias atrás, quando alguns apostavam que o PVV teria pluralidade, e bem atrás do VDD. Vale frisar ainda que serão somente 20 cadeiras de 150, ou cerca de 13% apenas dos eleitores. Talvez a maior vitória para Wilders foi colocar seu discurso xenófobo na agenda eleitoral - e isso, por si só, é preocupante.
Os Trabalhistas, de centro-esquerda, despencaram de 39 para 9 cadeiras, sendo os maiores perdedores das eleições holandesas. Na esquerda, os Verdes cresceram de 4 para 14.
Há ainda uma outra série de partidos de diferentes tendências, como os cristãos-democratas (19), liberais progressistas (19), socialistas (14), entre outros.
As conclusões desta eleição são, primeiro, que a extrema direita cresceu, mas está longe, muito longe, de ser dominante na Holanda, apesar de ter avançado. Em segundo lugar, a tendência de outsiders ocorre também na esquerda, com os verdes. Mas, no geral, a direita está mais forte na Holanda. Terceiro, os partidos do establishment se enfraqueceram, embora não tenham perdido o poder e ainda sejam majoritários. Não sabemos se este enfraquecimento é cíclico (só saberemos em eleições futuras). Mas sabemos que se trata de um fenômeno global de estafa com os políticos tradicionais.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires